Pela oitava vez consecutiva, os representantes do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) para elaboração do Boletim Focus reduziram a expectativa de crescimento da economia em 2018.
De uma semana para a outra – já que o boletim é divulgado todas as segundas-feiras – a mediana das apostas para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) passou de 1,76% para 1,55%. Vale notar que o relatório divulga a média das projeções do mercado, o que significa que metade dos consultados acha que o resultado será muito menor que isso, algo em torno de 1%.
No início do ano o Henrique Meirelles, então ministro da Fazenda, propagandeava que o crescimento seria em torno de 3%. Com esse truque na manga, Meirelles deixou o ministério e agora se aventura em uma pré-candidatura à presidência da República. Estamos no meio do ano e a situação de plena recessão apenas prova a sua vocação e a do governo federal de mentir. Estão atribuindo à greve dos caminhoneiros a frustração das expectativas, tentando responsabilizar o povo e a justa paralisação dos trabalhadores pela recessão gestada durante o governo Dilma e aprofundada por Temer. O fato de esta ser a oitava redução seguida nas projeções aponta que a crise já existia muito antes dos caminhoneiros.
Tanto é que um estudo divulgado pelos economistas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), intitulado “O crescimento da economia brasileira 2018-2023” cujos dados foram coletados muito antes da greve, já previa que o crescimento da economia do país não passaria de 1,5% no ano. Esta estimativa pode ser, inclusive, tomada como otimista, já que o desemprego crescente e o atual nível de utilização da capacidade produtiva mantêm o país no fundo do poço.
Uma publicação do Instituto Fiscal Independente (IFI), ligado ao Senado Federal, prevê que o grau de ociosidade geral da economia brasileira está em torno de 7% ou 8%. Operando abaixo do seu potencial, não existe crescimento possível.
PRISCILA CASALE