Um membro da comitiva de Jair Bolsonaro que viajou para Dubai, em novembro de 2021, passou em stands de empresas de espionagem no Dubai AirShow e negociou equipamentos que invadem celulares e computadores para espionar opositores e desafetos do governo.
A informação é de uma fonte ouvida pelo portal do UOL: a pessoa que fazia parte da comitiva presidencial era ligada ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), tinha conhecimento em inteligência e contrainteligência e passou pelo stand israelense do evento para conversar sobre as tecnologias de espionagem e negociar compras.
No dia 14 de novembro, enquanto Bolsonaro participava do lançamento do “Pavilhão Brasil” no evento em Dubai, um membro da comitiva foi negociar com a empresa DarkMatter (quer dizer, matéria escura).
A empresa, composta por hackers que trabalharam para o exército de Israel, desenvolveu um software capaz de invadir computadores e celulares, mesmo que desligados, sem o dono do smartphone saber.
Os programadores que trabalham na empresa são egressos da Unidade 8200, a elite dos hackers de Israel.
Os membros do “Gabinete do ódio” de Bolsonaro também estão negociando softwares de espionagem com a empresa suíça Polus Tech, que é do mesmo fundador da NSO Group, dona do dispositivo Pegasus.
A informação é de outra fonte ouvida pelo UOL. Segundo o portal, os negócios entre o governo brasileiro e as empresas de espionagem ainda não foram fechados.
A intenção, novamente, é adquirir o uso dos softwares de espionagem para usá-los na obtenção de informações de adversários de Jair Bolsonaro.
Em 2021, Carlos Bolsonaro tentou intervir no Ministério da Justiça para que fosse contratado o Pegasus, da NSO Group, capaz de invadir iPhones e Androids, desativar suas defesas e extrair até mesmo informações criptografadas.
O filho de Jair Bolsonaro queria que o Ministério contratasse o software israelense, por R$ 25,4 milhões, sem sequer consultar os órgãos que iriam utilizá-lo, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O Pegasus pode ter sido utilizado para invadir os aparelhos de mais de 50 mil pessoas. Uma investigação feita internacionalmente, com apoio da Anistia Internacional, conseguiu uma lista com os números que seriam invadidos.
Uma análise forense identificou que pelo menos 180 jornalistas, além de políticos e chefes de governo. Uma delas foi o presidente da França, Emmanuel Macron.
Segundo o jornal inglês The Guardian, “centenas de executivos, figuras religiosas, acadêmicos, funcionários de ONGs, oficiais de estados e de governos, incluindo ministros, presidentes e primeiros-ministros” foram hackeados.