
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos militares mais respeitados do país e ex-ministro da Secretaria de Governo, demitido por Bolsonaro, está sendo ameaçado, segundo informou neste domingo (15) o colunista Lauro Jardim, de “O Globo”.
Durante sua passagem pelo governo, o general Santos Cruz impediu a montagem do chamado “gabinete do ódio”, uma central de comunicação criada por Carlos Bolsonaro para espionar desafetos, espalhar mentiras pela internet e atacar adversários.
A atitude de Santos Cruz gerou uma reação histérica da falange bolsonarista comandada pelo astrólogo de Virgínia, Olavo de Carvalho, e repercutida internamente por Carlos Bolsonaro, que passou a inventar intrigas e atacar a sua honra até derrubá-lo do governo.
O general, que, segundo Lauro Jardim, passou a andar armado, impediu também, junto com Gustavo Bebiano, então Secretário Especial da Presidência, que Carlos Bolsonaro montasse também uma espécie de ABIN (agência de informação) paralela.
Bebianno, que morreu de infarto na madrugada de sábado (14) em seu sítio em Teresópolis, região serrana do Rio, disse em recente entrevista, que ele e Santos Cruz impediram também esse intento.
Santos Cruz foi afastado do governo por Bolsonaro depois que circularam mensagens atribuídas a ele contra o governo. Depois que ele foi demitido a Polícia Federal revelou que eram falsas as mensagens. Sua reação foi de indignação.
“Uns criminosos vagabundos de baixo nível fazem aquilo, entregam para o presidente (a imagem forjada), incrivelmente ele acredita naquilo e incrivelmente ele até hoje se nega a dizer quem levou aquilo para ele. São coisas que não se pode esperar de uma autoridade que tem essa responsabilidade”, afirmou o general em entrevista à BBC.
Desde então, o general retomou uma intensa agenda de viagens pelo Brasil e o exterior. Prestigiado internacionalmente após ter comandado a maior missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas), chefiando mais de 23 mil capacetes azuis na República Democrática do Congo entre 2013 e 2015, ele voltou a atuar com a instituição que hoje é tachada de “globalista” pelos lunáticos do governo.
O general conta que a política externa de Bolsonaro, marcada por um “alinhamento automático” aos Estados Unidos, tem causado surpresa entre atores internacionais. “É completamente ideológica (a política externa). Desde o discurso de posse do ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo), quase transformando a Bíblia num plano de governo”, critica.
“Eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro de jeito nenhum. Ele tem valores que não coincidem com os meus; ele tem atitudes que eu acho que não têm cabimento”, disse o general na entrevista à BBC News Brasil.
Quem acredita em um Governo desvairado desse?