
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT) lançou nesta segunda-feira (17), em São José dos Campos (SP), uma plataforma que promete melhorar a previsão e a prevenção de deslizamentos de terra. O Sistema de Previsão de Risco de Deslizamentos de Terra, o GeoRisk, foi desenvolvido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem), vinculado ao MCTI.
Já na fase de testes, a ferramenta conseguiu detectar 90% dos desastres associados a deslocamentos de terras. O GeoRisk utiliza Inteligência Artificial para reunir informações de várias fontes e consegue prever deslocamento de terra com até 72 horas de antecedência, ante às atuais 24h.
A ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), que participou do lançamento, disse que a plataforma é inovadora e lança o Brasil na “vanguarda da antecipação de risco”. Além disso, “tem o potencial de salvar mais vidas e de evitar perdas materiais, que se tornaram frequentes em um momento de extremos climáticos”. Ela também enfatizou que o GeoRisk foi uma das principais prioridades do Cemaden para prevenir desastres e tragédias.
“Há um processo que já nos afeta com fortes chuvas, enchentes, secas, ondas de calor, com impacto em diversos setores e em nossos modos de vida”, disse a ministra. Luciana alertou que esses eventos vão se agravar, o que requer “coordenadas e urgentes”. O crescimento urbano descontrolado atua para agravar a situação, explica. “Mais de 80% da população brasileira nesse país continental vive nos centros urbanos e muitas vezes em áreas de risco, ou em morros ou em alagados”.
Na fase experimental, o sistema demonstrou resultados superiores em comparação aos métodos tradicionais, conforme destacou Pedro Camarinha, técnico em Geodinâmica do Cemaden). “Depois de 5 anos de projeto”, relata Camarinha, “com muitos dados de históricos de desastres acontecendo no Brasil, a gente conseguiu detectar 13% a mais de eventos”, destaca. Ainda, “reduzir 3% a razão de falsos alertas e aumentar 17% a taxa de acerto”, completa.
Luciana ressaltou que o Cemaden usou tecnologia exclusivamente nacional no desenvolvimento do GeoRisk. “Estamos falando de um sistema único no mundo, inteligência brasileira”. “Hoje, continua, “o Cemaden cobre 1.133 municípios do Brasil”. “Nós vamos ampliar em 762 municípios, que vão atingir 60% da população do país até 2026”, assegura. “[…] são exatamente aquelas áreas onde as pessoas estão numa situação maior de risco”, disse.
O ministro das Cidades, Jader Filho, estima que o GeoRisk permitirá alertar as populações com mais antecedência, para salvar vidas e reduzir prejuízos. Ele também informa que, este ano, o governo federal deve investir R$ 3,5 bilhões para contenção de encostas e macrodrenagem.
Jader, que também compareceu à cerimônia de lançamento, afirmou que o GeoRisk terá um papel fundamental na antecipação de alertas às populações, contribuindo para a salvaguarda de vidas e a minimização de danos. Ele também anunciou que, neste ano, o governo federal planeja destinar R$ 3,5 bilhões para ações de contenção de encostas e macrodrenagem.
Segundo o ministro, a prevenção é a principal estratégia para minimizar os riscos de desastres. Ele destacou que, quando o governo atual assumiu, não havia recursos disponíveis. Jader Filho cita que “muitas obras de contenção em encostas e de drenagem” tinham sido paralisadas, por exemplo. “A prevenção precisa estar no orçamento de todos os entes da nossa federação”, enfatizou. Ele citou a tragédia no Rio Grande do Sul, no ano passado, onde se perderam mais de 180 vidas.