A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou que a recente alta nos juros pelo Banco Central, representa “dinheiro que sai de educação, saúde, meio ambiente para os cofres da Faria Lima”. “Não temos inflação que justifique isso!”, disse.
A taxa básica de juros (Selic) foi elevada de 10,25% para 10,75% ao ano, na quarta-feira (18), com os votos de todos os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, incluindo Gabriel Galípolo, que foi confirmado por Lula como o próximo presidente do BC.
Gleisi ainda lembrou que no mesmo dia que os juros no Brasil foram elevados, os Estados Unidos cortaram 0,5 ponto nos seus juros.
“No dia em que EUA cortam 0,5 ponto nos juros, tendência mundial, BC do Brasil sobe taxa para 10,75%. Além de prejudicar a economia, vai custar mais R$ 15 bi na dívida pública. Dinheiro que sai de educação, saúde, meio ambiente para os cofres da Faria Lima. Não temos inflação que justifique isso!”, escreveu na sua rede social.
Antes da reunião do Copom, Gleisi Hoffmann denunciou que a taxa de juros imposta pelo BC é “o maior obstáculo ao crescimento da economia e ao bem-estar da população”.
A dirigente defendeu que a “única decisão sensata” seria “reduzir a taxa básica de juros. No mundo capitalista inteiro os juros estão caindo, por que aqui seria diferente?”.
Segundo Tales Faria, colunista do UOL, o presidente Lula ficou irritado com a decisão do Copom e pretende se pronunciar em breve.
O presidente não comentou o aumento nos juros até agora porque o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “pediu calma”, informou. Haddad disse que não se surpreendeu com a decisão do Copom.
Com os juros em 10,75%, o Brasil tem a segunda maior taxa de juros do mundo, atrás somente da Rússia, que está em guerra desde 2022.
Em 2023, o Brasil gastou R$ 718 bilhões com o pagamento de juros a bancos e rentistas. Esse valor equivale a 6,61% do PIB. Em relação a 2022, o aumento no gasto foi de R$ 131,9 milhões.
“Parabéns aos novos membros do Banco Central brasileiro, que, subindo a Selic em 0,25 p.p., conseguiram criar uma despesa – que não passou pelo Congresso Nacional – de mais 7 bilhões de reais”, disse para a Hora do Povo, o professor de Economia da UnB, José Luís Oreiro.
O economista fez na noite da quarta-feira (18), após a decisão do Copom, um rápido cálculo de quanto vai custar para o país – ou seja, para a população brasileira e o setor produtivo nacional – a decisão do Banco Central, de subir em 0,25 ponto percentual a taxa de básica de juros, a Selic.
“Fazendo um cálculo rápido aqui, de quanto custou essa decisão do Banco Central sobre a taxa Selic. Vamos lá. Nosso PIB é de 8 trilhões de reais, aproximadamente. A dívida pública é de 78% do PIB. Mais ou menos 50% dessa dívida está atrelada à taxa Selic”, explicou.
“Isso daria mais ou menos, então, cerca de 3,1 trilhões de reais de dívida ‘selicada’, ou seja, corrigida pela Selic”, prosseguiu. “Um aumento de 0,25 ponto percentual, em um ano, custa 7 bilhões de reais”, calculou Oreiro.
NETANYAHU
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que os ataques terroristas de Israel contra o Líbano, usando aparelhos de comunicação, são “pura perversidade” e fazem parte de uma “escalada de horrores” imposta pela extrema-direita israelense contra contra seus vizinhos.
Na quarta-feira (18), 20 pessoas morreram em um ataque isralenese através de explosivos dentro de walkie-talkies, enquanto outras 450 ficaram feridas. No dia anterior, 12 foram mortos e 3 mil feridos com um ataque através de pagers.
“Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] volta a chocar o mundo com explosões de aparelhos de comunicação usados por civis no Líbano”, escreveu Gleisi em suas redes sociais.
“É pura perversidade, na escalada de horrores que a extrema direita de Israel impõe ao povo palestino e seus vizinhos. Quanto sangue ainda querem derramar nessa guerra de ódio, vingança e barbárie?”, questionou.
Também foram reportadas explosões em sistemas de energia solar. Na quinta-feira (19), Israel bombardeou o sul do Líbano.
Na sexta-feira (20), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) irá se reunir para discutir o ataque de Israel contra o Líbano. Os ataques terroristas indicam um “sério risco de uma escalada dramática no Líbano e tudo deve ser feito para evitar essa escalada”.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que “não há dúvida de que fomos submetidos a um grande ataque militar e de segurança sem precedentes na história da resistência e sem precedentes na história do Líbano”. Ele falou que o ataque terrorista israelense é “um ato de guerra”.