A General Motors anunciou na segunda-feira (26) que vai cortar a produção de modelos com vendas fracas e demitir pessoal na América do Norte, diante de um mercado estagnado para sedãs movidos a gasolina, em uma reestruturação que vai levar mais investimento para veículos elétricos e autônomos, informou a agência Reuters.
Fábricas norte-americanas sinalizaram possível cortes de quase 15 mil empregos se necessário para se manterem fortes à medida que investem em novas tecnologias e novos negócios, como os serviços de robô-táxi.
A GM planeja interromper a produção no próximo ano em três fábricas: a de carros de passeio em Ohio; o complexo Detroit-Hamtramck em Detroit; e o complexo de montagem de Oshawa, Ontário, perto de Toronto.
Também vai parar vários modelos montados nessas fábricas, incluindo o Chevrolet Cruze, o híbrido Chevrolet Volt, o Cadillac CT6 e o Buick LaCrosse. O carro compacto Cruze será descontinuado no mercado dos EUA em 2019.
As fábricas em Baltimore, Maryland, e a de Michigan correm risco de fechamento. A empresa disse que também fechará duas fábricas fora da América do Norte, mas não detalhou.
O anúncio marca a maior reestruturação da maior montadora de veículos da América do Norte desde que foi resgatada pelo governo dos Estados Unidos uma década atrás.
O presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou os riscos políticos que a GM enfrenta, ao exigir que a montadora encontre um novo veículo para construir em Ohio e revelar que disse à presidente-executiva da GM, Mary Barra, estar insatisfeito com a decisão da montadora de cortar a produção numa fábrica em Ohio. Esse será um Estado-chave na campanha presidencial de 2020. “Nós não gostamos”, disse Trump. “Este país fez muito pela General Motors, é melhor voltarem para lá.”
A GM também está se movendo para reduzir os gastos de capital, mesmo quando diz que dobrará os recursos destinados aos veículos elétricos e autônomos nos próximos dois anos.
Mesmo com os maiores gastos com veículos elétricos e autônomos, a GM planeja reduzir o dispêndio anual de capital para 7 bilhões de dólares até 2020, de uma média de 8,5 bilhões por ano durante o período 2017-19.
A GM prometeu no ano passado lançar uma frota de 20 novos veículos elétricos na América do Norte até 2023, juntamente com pelo menos 10 novos veículos elétricos na China até 2020.
As pressões de custo sobre a GM e outras montadoras aumentaram. A companhia disse que as tarifas sobre o aço importado, impostas no começo do ano pelo governo Trump, custaram 1 bilhão de dólares.
As ações da GM provocaram a ira de figuras políticas de ambos os lados da fronteira entre EUA e Canadá, e dos principais sindicatos norte-americanos.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que falou com Barra e expressou “profunda decepção”.
A presidente-executiva Mary Barra disse que a GM pode reduzir o gasto anual de capital em 1,5 bilhão de dólares e aumentar o investimento em veículos elétricos e autônomos e na tecnologia de veículos conectados, porque já concluiu investimentos em novas gerações de caminhões e utilitários esportivos.
Cerca de 75% de suas vendas globais virão de apenas cinco modelos de veículos até o início de 2020, o que significa que a GM pode reduzir as pessoas e o capital necessário para manter seu portfólio de produtos atualizado.
Diferente das montadoras japonesas Nissan, Honda e Toyota, que contam com um sistema mais flexível, onde montam vários veículos em uma única fábrica, a GM tem muitas fábricas que fazem apenas um único modelo.
As fábricas de montagem Hamtramck e Lordstown estão operando atualmente com um turno. Uma regra básica para a indústria automotiva é que, se uma fábrica estiver operando abaixo de 80 por cento da capacidade, estará perdendo dinheiro. A GM tem várias fábricas funcionando bem abaixo disso, e Barra disse que as operações norte-americanas em geral estavam operando a 70% da capacidade.