Bolsonaro impõe racionamento aos consumidores com conta de luz ainda mais cara em julho. Taxa extra sobe para R$ 9,49 a cada 100 kWh
Dias depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, garantir que não haverá racionamento de energia no país, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o reajuste de 52% da bandeira tarifária vermelha patamar 2 – cobrança adicional nas contas de energia que passará a partir de julho.
Na prática, o reajuste que elevou o kWh de R$ 6,24 para R$ 9,49, implicará em um racionamento forçado, já que o aumento na conta de luz foi aprovado em um momento de crise econômica, inadimplência nas contas de luz, desemprego, alta da inflação e arrocho nas rendas.
De acordo com a Aneel, que não descartou novos reajustes, o aumento na cobrança da bandeira tarifária se deve ao alto custo de geração de energia – já que as termelétricas, mais caras, e também mais poluentes, estão sendo acionadas pela iminência de mais uma crise hídrica no país. A previsão é a de que a bandeira permaneça acionada até novembro.
Também foram reajustadas outras bandeiras tarifárias, o que significa que o brasileiro vai pagar mais por energia mesmo que a capacidade de geração de hidrelétricas melhore. A Bandeira Amarela passou de R$ 1,34 para R$ 1,874 por 100 kWh consumidos; a Bandeira vermelha 1 – passou de R$ 4,16 para R$ 3,971 por 100 kWh consumidos.
Apesar de aumento das tarifas e o risco de racionamento ser justificado pelo governo como consequência da pior crise hídrica dos últimos 91 anos devido à falta de chuvas, especialistas alertam que o problema dos reservatórios não é culpa de São Pedro e sim da falta de investimento. Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste – que respondem por 70% da capacidade de geração de energia do país – estão com 29,4% da capacidade de armazenamento, e não há perspectiva de chuva forte nessas regiões até meados de outubro.
“Crise hídrica inédita? Onde?”, questiona o especialista Roberto D’Araújo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), comparando outros racionamentos com situações de “crises hídricas”.
“A MP 1055 tenta disfarçar o desespero, pois, com uma economia que patina, uma pandemia longe de ser resolvida, lojas fechadas por todo o Brasil, tarifas caríssimas, recorde de inadimplência nas contas de luz, térmicas ligadas, importação de energia, bandeira tarifária mais cara do que a contratação de energia solar no último leilão e a realidade abaixo* que quer ser escondida, está difícil achar que não vamos repetir o desastre de 2001”, manifestou Roberto D’Araújo em seu site sobre a MP publicada na segunda-feira (28/6) em resposta à crise energética.
A MP recebeu dos parlamentares o apelido de MP do Racionamento.
*Veja no site: https://www. ilumina.org.br/medida-pro-https://www.ilumina.org.br/medida-provisoria-mentira-permanente/