Reajustes muito acima da inflação têm aumentado o uso de lenha e álcool
O governo anunciou um aumento de 4,4%, na média, no preço do gás de cozinha de 13 quilos (GLP), de uso residencial, nas refinarias, passando de R$ 22,13 para R$ 23,10, a partir desta quinta-feira (5). O efeito imediato é esfolar os consumidores, principalmente os mais pobres, que, dependendo do lugar, chegam a pagar mais de R$ 100 pelo botijão de 13kg.
Segundo levantamento de preços da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do botijão de 13 kg ao consumidor no Brasil é vendido a R$ 68,28, sendo o maior preço de R$ 115,00 e o menor de R$ 50,00.
Em nota, a Petrobrás diz que o aumento se deu com base na “adoção de reajustes trimestrais baseados nas cotações internacionais do produto e variações no câmbio”.
De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), “Com o aumento, o ágio praticado pela Petrobras está em 25,45% em relação ao preço praticado no mercado internacional e o preço do GLP empresarial vai ficar 57,52% acima do valor cobrado pelo GLP residencial. Na avaliação do Sindigás, esse ágio vem pressionando ainda mais os custos de negócios que têm o GLP entre seus principais insumos, impactando de forma crucial as empresas que operam com uso intensivo de GLP”.
O Sindigás anunciou que suas empresas associadas receberam da Petrobrás informação de que “o aumento de preço será entre 4,2% e 4,6%, dependendo do polo de suprimento, tanto para o GLP empresarial quanto para o residencial”.
Ante ao abuso cometido pelo governo contra a população, entidades do movimento popular como CGTB, CMB, UMES, CNAB e FEPAM lançaram uma campanha pelo congelamento do gás de cozinha em R$ 55.
Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1 milhão e 200 mil brasileiros tiveram de recorrer à lenha ou carvão para cozinhar em todas as regiões do país. “Esse crime começou com Dilma e piorou com Temer. Eles amarraram o preço dos derivados de petróleo, diesel, gasolina e gás de cozinha ao dólar e alinharam aos preços internacionais”, denunciam as entidades.
O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, condenou a explosão do preço do gás de cozinha em todo o país. “O preço do gás subiu devastadoramente. É um combustível social porque 90% dos brasileiros cozinham com gás GLP e muitas pessoas estão sem condições de comprar o botijão”, afirmou.
O dirigente da Aepet esclareceu que as distribuidoras, como o Grupo Ultra, multinacional, ficam com 50% do preço do gás, enquanto a Petrobrás fica com 32% para refinar, produzir e transportar. Os 18% restantes são referentes a impostos.
A política de atrelamento dos combustíveis aos preços internacionais levou à greve dos caminhoneiros. Com o aumento do gás de cozinha, o governo afronta o povo em geral. Não à toa é repudiado por quase 100% da população, uma rejeição ainda maior do que Dilma. O que, convenhamos, é um feito e tanto.
VALDO ALBUQUERQUE