
Ao menos seis pessoas morreram e dezenas ficaram feridas durante os massivos protestos que sacodem a província de Basra, no Sul do Iraque, onde estão localizados alguns dos mais lucrativos poços de petróleo do mundo. Os manifestantes exigem do governo fantoche que aplique recursos emergenciais dos milionários fundos da indústria petroleira para os serviços básicos e condenam o desemprego e a corrupção institucionalizada após a invasão pelos Estados Unidos.
Depois da derrubada do presidente Saddam Hussein, assassinado em 9 de abril de 2003, os majestosos campos de petróleo iraquianos foram entregues ao cartel transnacional e a economia, parasitada pelo capital estrangeiro, virou ruínas.
“Os cidadãos saíram às ruas para exigir seus direitos, pois no Iraque se morre nas mãos de partidos que têm nos saqueado durante os últimos 15 anos”, declarou um manifestante identificado como Ali. “Em Basra, vemos diariamente como a riqueza flui nos campos petrolíferos, a menos de um quilômetro de um restaurante, e logo vemos a pobreza e o desemprego, enquanto as multinacionais contratam milhares de estrangeiros. Se não salvarmos o país, ele afundará”, protestou.
Outro ativista, que preferiu não se identificar, informou que no começo desta semana centenas de manifestantes cercaram a sede da administração da província, que ardeu em chamas. Na tentativa de dispersar a multidão, que exigia investimentos públicos para fazer frente aos constantes cortes de eletricidade e à brutal escassez de água – agravados pelo escaldante clima desértico -, a polícia abusou da repressão e do gás lacrimogêneo.
Desde o dia 8 de julho, a província tem sido cenário freqüente de protestos contra os desmandos governamentais. Diante da violência com que os manifestantes foram tratados e da mais completa inação, outras províncias se somaram.
No começo de julho, quando a temperatura se aproximou dos 50 graus e os apagões se multiplicaram, a água começou a sair quente da torneira – quando havia – e era tão salgada como a do mar. Então, cerca de duas de dezenas de homens foram até a entrada da companhia petroleira Esso e, levantando as mãos para denunciar a gravidade da situação, bloquearam a rodovia. A resposta do governo foi trazer dois helicópteros, três veículos blindados e suas desprezíveis “forças de segurança”. Os soldados e policiais abriram fogo contra os manifestantes e, meia hora mais tarde, um jovem estava morto e outros três homens estavam feridos. A partir de então, dezenas de milhares de pessoas têm tomado as ruas para denunciar a corrupção e o entreguismo.