Governo retira do Congresso projeto da gestão anterior que dá licença para matar

Pelo projeto de Bolsonaro, forças de segurança poderiam praticar crimes contra inocentes nas comunidades sem sofrerem punições. Foto: Tânia Rêgo - Agência Brasil

O governo Lula pediu para o Congresso Nacional que seja retirado de tramitação o projeto de lei que permite que militares e agentes das Forças Armadas e das polícias civil e militar cometam crimes durante operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A solicitação foi feita através de uma mensagem, que foi publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira (6). Lula também quer a retirada de outros três projetos apresentados por Jair Bolsonaro.

O ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino, já critica a proposta desde que foi apresentada pelo governo Bolsonaro, em 2019, dentro do “pacote anticrime”, de autoria de Sergio Moro, que era o ministro da Justiça.

O PL 6.125/19 tinha como objetivo permitir que militares das Forças Armadas e das polícias militar e civil que estivessem em operações de GLO ou de apoio a elas pudessem cometer crimes sem que respondessem na Justiça.

A “ideia” era estender o “excludente de ilicitude”, que é quando se afasta a ilegalidade de uma ação em um determinado contexto, como a legítima defesa, para militares durante operações.

Isto é, Bolsonaro queria dar a eles uma licença para matar.

O Projeto de Lei que Lula pede que seja retirado de tramitação dizia que em GLOs “considera-se em legítima defesa o militar ou o agente que repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.

Na proposta anterior, que já foi arquivada, Jair Bolsonaro e Sergio Moro queriam que o juiz pudesse “reduzir a pena” dos militares ou agente “até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

Uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) pode ser convocada pelo presidente da República para que as Forças Armadas atuem em regiões onde foi avaliado o esgotamento das forças de segurança locais.

Em 2017, por exemplo, o presidente Michel Temer assinou um decreto de GLO colocando as Forças Armadas para atuarem na Segurança Pública do Rio de Janeiro.

REDES SOCIAIS E PRÉ-SAL

Lula também solicitou o arquivamento do PL 3.227/21, apresentado por Jair Bolsonaro, que alterava o Marco Civil da Internet no sentido de impedir que publicações e perfis fossem excluídos das redes sociais por parte das plataformas.

Bolsonaro tentou impor essa legislação uma primeira vez através de uma Medida Provisória, mas o Senado Federal, com críticas fortes à proposta, devolveu a MP.

O PL e a MP diziam que as publicações e perfis só poderiam ser excluídos quando houvesse “justa causa”, estipulada por essa mesma legislação.

Caso as redes sociais excluíssem publicações por outros motivos, Bolsonaro propunha multas de até 10% do faturamento do grupo, suspensão das atividades e proibição da rede social em todo o território nacional.

Outro PL de autoria de do governo Bolsonaro que Lula pede a retirada de tramitação é sobre o fim da obrigatoriedade da União de enviar recursos do pré-sal para o Fundo Social.

O Projeto de Lei 1.583, de 2022, foi enviado por Bolsonaro ao Congresso Nacional em junho de 2022. A proposta permite que a União faça a venda da parcela que lhe cabe do excedente em óleo e gás de contratos de partilha de regiões de pré-sal.

O dinheiro obtido com a venda dessa parcela, propôs Bolsonaro, não seria vinculado ao Fundo Social, que é uma reserva de dinheiro utilizado em saúde, educação e outros temas.

Lula também rejeita a proposta da Política Nacional de Longo Prazo, apresentada pelo governo Bolsonaro no dia 30 de dezembro de 2022.

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