Vigarista quer acelerar o controle do BC pelo cartel financeiro e a entrega da Eletrobrás e Correios às multinacionais. Tudo para “combater” o coronavírus
Uma das medidas “urgentes” enviadas por Paulo Guedes ao Congresso Nacional, supostamente para enfrentar a crise econômica, agravada pela epidemia do Covid-19, o projeto sobre autonomia do Banco Central, mostra bem quais são as “preocupações” do governo Bolsonaro e a que interesses ele está se dedicando. Há uma pergunta que não quer calar.
Qual a ligação da autonomia do Banco Central, que Guedes quer que seja votada com urgência, com as necessidades imediatas de ampliação de leitos hospitalares, contratação de mais médicos, mais enfermeiros, remédios, etc, para enfrentar a epidemia? Nenhuma. Eles estão se aproveitando da crise que eles mesmos provocaram para acelerar a destruição do país.
Estão preocupados em garantir que o Banco Central, um dos últimos no mundo a reduzir as taxas de juros, seja totalmente controlado pelo cartel financeiro. Que não haja nenhuma interferência da população, através de seus representantes eleitos, naquilo que eles decidem. O setor, que se esbaldou em lucros recordes enquanto o país patinava na recessão e na estagnação, não está satisfeito. Ele quer mais. Os três maiores bancos privados do país lucraram R$ 68 bi em 2019, na esteira da crise.
Os banqueiros querem total autonomia para fazer o que bem entenderem. Leia-se arrancar o couro dos brasileiros. Que se dane a epidemia, que se dane o desemprego, que se dane o país. Surdo para os reclamos de medidas para enfrentar a crise, para fazer o país voltar a crescer, Guedes se empenha com urgência em aprovar esse pleito dos banqueiros.
O PLP 19/2019, que Guedes pediu pressa na votação, trata dos mandatos de duração determinada para o presidente e os diretores do BC. Atualmente, esses cargos são de indicação da Presidência da República. No modelo proposto, os mandatos seriam de quatro anos, e a dispensa só seria possível em casos de condenação judicial ou desempenho insuficiente.
Nessa última hipótese, o Senado precisaria concordar com a decisão. O poder eleito não teria nenhuma interferência na indicação de membros do BC, que vão definir o preço do dinheiro, quanto dinheiro haverá em circulação, e outra medidas fundamentais para a vida econômica do país. Ou seja, o presidente e os parlamentares eleitos não teriam nenhuma interferência nesses assuntos. Poderão discutir tudo, menos o que mais interessa para a vida das pessoas e da economia.
ELETROBRÁS E CORREIOS
Outras medidas “emergenciais” do governo vão no mesmo sentido. Só que desta vez, os felizes agraciados são as multinacionais. Guedes disse que o coronavírus exige pressa na privatização da Eletrobrás e dos Correios. Ele está afoito para entregar essas duas empresas públicas altamente lucrativas e estratégicas para o capital estrangeiro. O que isso tem a ver com o coronavírus ninguém sabe.
Apressar a entrega de empresas públicas por causa da pandemia é coisa de vigarista, de charlatão. É claro que de Guedes, um vigarista dos mais conhecidos nas hostes financeiras, assaltante de fundos de pensão, só se poderia esperar medidas como essa. O Congresso começa a dar sinais que já percebeu tudo isso.