O governo Getúlio se somou na grande frente mundial antifascista, comandada por Stálin, Roosevelt e Churchill, e os brasileiros da FEB deram provas de coragem e destreza nos campos de batalha na Itália. Ato em Curitiba lembrou a data
Há 80 anos, em 16 de setembro de 1944, ocorria o “Batismo de Fogo” da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. Era o início das batalhas contra as tropas nazistas.
Para marcar a memória e a importância da data, militares e civis participam do 34º Encontro Nacional de Veteranos da FEB, em Curitiba, no Paraná. A comemoração aconteceu no Museu do Expedicionário, que fica na cidade.
HOMENAGENS NO MUSEU DA FEB
Segundo reportagem publicada do site Sputnik, o evento contou com apresentações musicais, exposições de equipamentos militares, palestras e relatos emocionantes sobre o desempenho dos combatentes brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial.
Na época, um dos jovens convocados para lutar na Europa foi Antônio Ribeiro da Silva. Ele foi um dos homenageados em Curitiba.
O veterano comandou uma tropa com 13 homens e contou que todos voltaram vivos. “Fomos de navio e chegamos em Nápoles. Desembarcamos e depois fomos para Lisboa. Ficamos lá uma temporada”, conta. Os momentos de tensão ainda estão vivos na memória.
“NÃO ACONTECEU NADA COMIGO”
“Não aconteceu nada comigo, graças a Deus, mas estava sempre com medo. Buscava me proteger da melhor maneira, e o meu grupo de combate com 13 homens, eu que comandava. Todos voltaram vivos. Trabalhei para proteger todos, dar o melhor na missão”, disse, ao lembrar que o inimigo estava “sempre em alerta”.
As palestras destacaram o heroísmo dos brasileiros e a inspiração para o senso de orgulho e patriotismo. Também teve destaque a conscientização dos sacrifícios da geração que lutou contra o fascismo e o nazismo na Europa. Também ocorreu na ocasião uma cerimônia de formatura alusiva aos 80 anos do batismo de fogo da FEB na Itália. As tropas brasileiras foram comandadas pelo general João Batista Mascarenhas de Moraes.
“PELA MEMÓRIA DE MEU PAI”
Teresa Cristina Pereira Castro, engenheira civil e presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB no Maranhão, é filha de um veterano de guerra, que também esteve no conflito. Para ela, o evento é importante por resgatar a memória e o legado daqueles que lutaram pelo Brasil.
“Sem dúvida, esse evento significa que o nosso pai está vivo, com todo o legado que deixou. Um legado de seriedade, compromisso, honestidade e luta. Meu pai é muito ligado ao lado humanístico, comprometido com a paz”, disse ela.
“Os homens e as mulheres da FEB tinham um compromisso em ajudar. Se a Itália é hoje um país livre e democrático, tem a contribuição de brasileiros. Então acho que essa é a melhor mensagem que podemos passar para nós mesmos, que recebemos todos os ensinamentos dos nossos pais para passar para as futuras gerações”, afirmou a engenheira.
HITLER AFUNDA NAVIOS BRASILEIROS
A partir de janeiro de 1942, Hitler começou a bombardear navios mercantes brasileiros. Os ataques eram feitos por submarinos dos países do Eixo na costa litorânea brasileira. O regime fascista da Alemanha visava a isolar o Reino Unido, impedindo-o de receber os suprimentos (equipamentos, armas e matéria-prima) exportados do continente americano.
O mundo assistia naquele momento ao horror dos crimes hediondos e genocídios cometidos pelos fascistas da Alemanha, Itália e Japão. O “Eixo”, como eram conhecidos os fascistas, foi responsável pela morte de um total de cerca de 60 milhões de pessoas, dos quais 27 milhões só na União Soviética.
FRENTE MUNDIAL ANTIFASCISTA
O governo brasileiro, à época presidido por Getúlio, decidiu se somar à grande frente mundial antifascista, comandada por Stálin, Roosevelt de Churchill, e os brasileiros se destacaram nos campos de batalha da Europa contra os nazistas.
O Brasil atuou ao lado dos aliados e sua função era eliminar as tropas nazistas que ainda estavam na Itália e os fascistas italianos que ainda seguiam Hitler e seus comparsas.
Por determinação do presidente Getúlio Vargas, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) embarcou de navio com seus soldados rumo à Itália. A Força Expedicionária Brasileira era composta por 25.834 homens e mulheres.
O Brasil foi o único país da América do Sul a enviar soldados sob sua bandeira para a II Guerra Mundial. A FEB teve um total de 948 baixas em sua participação na guerra. Ao final das principais batalhas foram feitos 20.573 prisioneiros do Eixo, incluindo dois generais e cerca de 900 oficiais.
BRASIL FOI O PRIMEIRO PAÍS A EXPULSAR REPRESENTANTE NAZISTA
A ofensiva submarina do Eixo em águas brasileiras buscava também intimidar o governo brasileiro que foi o primeiro governo do mundo a expulsar do país um representante do partido nazista. A entrada do Brasil na guerra teve amplo apoio popular. Manifestações ocorreram em todo o país pedindo para o Brasil entrar na luta contra o fascismo.
A FEB representou a participação do Brasil ao lado dos Aliados na Campanha da Itália, em suas duas últimas fases: o rompimento da Linha Gótica (uma das últimas e grandes defesas elaborada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial) e a Ofensiva Aliada final.
SENTA A PUA
A Força Aérea Brasileira (FAB) também teve uma forte atuação nas batalhas na Itália através do 1º Grupo de Aviação de Caça. Este grupo foi o primeiro de aviação de caça da FAB. Seus aviões tinham o lema “senta a pua”. O grupo foi responsável por destruir 85% dos depósitos de munição, 36% dos depósitos de combustível e 15% dos veículos motorizados inimigos.
O lema da FEB era “A cobra está fumando”, era uma alusão irônica ao que se afirmava à época, que seria “mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil participar da guerra na Europa”.
S.C.