PATRICE LUMUMBA
(HP 05/12/2003)
Homem negro, besta de carga através dos séculos,
Tuas cinzas espalhadas pelos ventos dos céus,
Houve um tempo em que você construiu templos como mausoléus
Nos quais seus assassinos dormiram seu último sono
Caçados e perseguidos, arrancados de seus lares.
Batidos em batalhas onde a força bruta prevaleceu.
Séculos bárbaros de estupro e carnificina
Que te ofereceram a escolha entre a morte e a escravidão.
Você buscou refúgio nas profundidades das florestas,
E outras mortes te esperaram, febres ardentes,
Mandíbulas de bestas selvagens, o frio, espirais pagãs
De serpentes te esmagaram gradualmente para a morte.
Depois veio o homem branco, mais astuto, velhaco, cruel,
Ele arrebatou teu ouro para comércio em troca de trapos,
Ele estuprou tuas mulheres, fez de teus guerreiros bêbados,
Empilhou teus filhos e filhas em seus navios.
Os tambores bateram em todas as aldeias,
Espalhando o lamento, a dor selvagem,
Das notícias do exílio para uma terra distante
Onde o algodão é Deus e o dólar Rei.
Condenado a trabalhos forçados,
Sob um sol escaldante desde a aurora até o crepúsculo,
Para que você pudesse esquecer que é um homem
Te ensinou a cantar as orações de seu Deus.
E estas hosanas, sintonizavam com teu sofrimento,
Te deu a esperança em um mundo melhor que virá.
Mas em teu coração humano você apenas perguntava
Pelo direito à vida, pela tua participação na alegria.
Ao lado de tuas fogueiras, teus olhos refletem teus sonhos e dor,
Você cantou os cantos que deram voz a teus blues.
E algumas vezes as tuas alegrias, enquanto a seiva crescia nas árvores
E você dançou selvagem na umidade do anoitecer.
E de tudo isso você desabrochou, magnífico,
Vivo e viril, como um sino de bronze
Soando teu sofrimento, aquela música poderosa
Jazz, agora amada, admirada mundo afora,
Forçando o homem branco ao respeito
Anunciando em tons altissonantes e claros deste tempo em diante
Que este país já não pertence a ele.
E então fez os teus irmãos de raça
Levantarem suas cabeças para ver claramente e à frente
O futuro feliz prestes a ser parido.
As margens de um grande rio florescendo de esperança
E são tuas deste tempo em diante
A terra com todas as suas riquezas
São teus deste tempo em diante
O sol abrasante e o céu incolor
Dissolvendo nossa dor numa onda de calor.
Seus raios que queimam ajudarão a secar para sempre
A torrente de lágrimas derramada por teus ancestrais,
Mártires da tirania dos senhores.
E nesta terra vocês sempre amarão
Farão do Congo uma nação livre e feliz
No coração da vasta África Negra.
(Tradução de Nathaniel Braia)