
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, está fazendo um verdadeiro terrorismo sobre os professores da rede pública, que estão em greve desde o início do mês, ameaçando a categoria com o corte de ponto no salário.
Na abertura de um evento em Brasília, na quarta-feira (13), Ibaneis ameaçou mais uma vez os grevistas com o corte de ponto, numa afronta ao legítimo direito de greve da categoria, que luta por melhores salários e condições de trabalho.
“Nós vamos fazer o corte de ponto, e eu quero saber quantos dias eles vão aguentar com corte de ponto. A greve foi declarada abusiva, então, nós vamos levar essas medidas na Justiça até o último nível”, disse o governador.
Para o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), a fala do governador representa um verdadeiro desrespeito a “pais e mães de família que estão em greve para que nossas crianças e adolescentes tenham uma educação pública de qualidade”, e que “ele mostra até um certo tom de satisfação ao dizer publicamente: ‘quero ver quanto tempo eles (nós, professores e orientadores educacionais) aguentam com corte de ponto’”.
Em resposta, o sindicato afirma: “A verdade, governador, é que a gente não aguenta mais desrespeito”.
De acordo com o Sinpro-DF, ao contrário do que diz o governador, a greve não é abusiva. “Abusivo é não regularizar o repasse da contribuição previdenciária dos professores(as) em contrato temporário ao INSS e deixar mais de 16 mil pessoas sem acesso a auxílio-saúde, auxílio-maternidade, aposentadoria”, denuncia.
Na ocasião, o governador também afirmou que não há possibilidade alguma de reajuste salarial para os servidores neste ano.
“Eu já deixei bem claro que eu não vou avançar em nenhuma pauta que diga respeito a reajuste de salário. Nós estamos vivendo um momento no DF em que temos que ter cuidado com as contas públicas. Não vamos fazer como o desmando que vem acontecendo com o governo federal”, disse.
“Eu deixei bem claro que não vou governar para sindicato, eu vou governar para a população. Nós teremos certamente várias greves este ano, porque é um ano pré-eleitoral, e nós sabemos que os sindicatos aqui são comandados pela esquerda”, afirmou.
Em assembleia na terça-feira (10), os professores aprovaram a continuidade da greve, que já entrou no décimo primeiro dia.
As principais reivindicações dos professores e orientadores educacionais são a valorização profissional, a reestruturação da carreira e a reposição salarial de 19,8%, percentual que representa parte das perdas inflacionárias acumuladas e um passo importante na meta de o salário dos professores alcançarem, no mínimo, a média das demais carreiras de nível superior do governo.
De acordo com o Sinpro-DF, a proposta apresentada pelo governo, na última reunião com representantes das Secretarias da Casa Civil, da Educação e da Economia, que só aconteceu após muita pressão, foi considerada “insuficiente”.