Lula se reuniu com ministro e elegeu inflação de alimentos como principal problema a ser enfrentado. Fazem falta os estoques reguladores que foram desmontados no governo Bolsonaro e ainda não foram recriados
Em janeiro de 2025, o IPCA-15 (prévia da inflação) ficou em 0,11%, informou o IBGE, nesta sexta-feira (24). O resultado foi menor do que o de dezembro de 2024 (0,34%), o que significa que houve uma desaceleração dos preços no período. Nos acumulados dos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 ficou em 4,50%, sendo abaixo dos 4,71% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Conforme o IBGE, entre os nove produtos e serviços pesquisados, o grupo de Alimentação e bebidas registrou alta de 1,06% e impacto de 0,23 ponto percentual (p.p) no IPCA-15. A prévia da inflação também aponta que o grupo Transportes, com alta de 1,01% e impacto de 0,21 p.p, também castigou o bolso dos consumidores no primeiro mês deste ano.
Por outro lado, o grupo Habitação registrou deflação de -3,43% e impacto de -0,52 p.p no índice geral, ajudando na desaceleração da inflação na passagem de dezembro para janeiro deste ano.
Prévia da inflação de janeiro de 2025
- Alimentação e bebidas: 1,06%;
- Habitação: -3,43%;
- Artigos de residência: 0,72%;
- Vestuário: 0,46%;
- Transportes: 1,01%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,64%;
- Despesas pessoais: 0,40%;
- Educação: 0,25%;
- Comunicação: 0,15%.
Apesar da desaceleração, a inflação no Brasil segue sendo atiçada por fatores sazonais e pelos aumentos dos preços de commodities – decididos em bolsas de valores internacionais – e da alta do dólar – que estimulam a corrida para as exportações, o que consequentemente eleva os preços internos no Brasil. A esses fatores, a política monetária contracionista do Banco Central (BC) não tem a menor interferência, e ainda agrava outros problemas econômicos, ao impor mais custos – via aumento dos juros – aos setores produtivos do país.
No entanto, indiferente ao estrago que o aumento dos juros irá fazer na economia do país, nas fábricas, comércios e em lares brasileiros, o avarento “mercado financeiro” exige que o BC cumpra a sua promessa de final de ano de elevar a Selic (taxa básica de juros) em mais 1 ponto, na próxima quarta-feira (29). Hoje o nível da Selic está nos escorchantes 12,25% ao ano. Até o final deste ano, os banqueiros esperam que a Selic atinja um patamar acima dos 15% ao ano, para elevar os ganhos que eles têm com a especulação dos títulos do Tesouro Nacional.
O governo elegeu a inflação dos alimentos como problema urgente a ser enfrentado. Lula disse na primeira reunião ministerial do ano, na última segunda-feira (20), que este é o problema prioritário de seu governo porque, segundo ele, “os alimentos têm que chegar na mesa do trabalhador com preços compatíveis com a sua renda”.
Além da ineficácia dos juros altos, os especialistas alertam para a necessidade urgente do governo tomar a iniciativa de recuperar a estrutura de armazenamento da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), que foi destruída durante o governo de Jair Bolsonaro, e que é capaz de permitir a formação de estoques reguladores. Esse sempre foi um instrumento importante, além da desdolarização da economia, para o combate à alta dos alimentos.