
Os países europeus têm a vontade política de manter os laços econômicos com o Irã com base no acordo nuclear, mas precisam tomar medidas práticas dentro do prazo”, afirmou o presidente iraniano, Hassan Rouhani, conclamando aos governos do velho continente para que reajam soberanamente à chantagem realizada por Washington e não rompam o negociado com Teerã.
O acordo histórico de 2015 (Jcpoa, do qual Trump se retirou em maio) submete o Irã a um controle extremamente restrito de todas as suas atividades nucleares, com o objetivo de impedir que o país tenha acesso à arma atômica que os Estados Unidos não só dispõe – como já usou, assassinando dezenas de milhares de inocentes. Em troca, seriam suspensas as sanções internacionais contra o Irã com a perspectiva de novos investimentos econômicos, considerados essenciais para impulsionar o desenvolvimento.
Na última sexta-feira, Rússia, China e os países europeus se reuniram em Viena com autoridades iranianas para fazer propostas concretas que possibilitem salvar o acordo. Conforme o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, “todos os membros, incluindo os três aliados dos EUA (Berlim, Paris e Londres), se comprometeram e têm a vontade política de resistir aos Estados Unidos”.
Apesar do anúncio de retomada das sanções estadunindeses, declarou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, “fizemos uma oferta que consideramos atraente” para que o Irã continue negociando com empresas europeias. “Esta não será a última discussão” sobre o tema, admitiu Mass, reconhecendo haver mais espaço para avanços nas negociações de parte à parte.
Dialogando com o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente iraniano voltou a destacar que o pacote proposto pela Europa ao Irã para continuar sua cooperação no âmbito do Jcpoa não correspondia às necessidades do seu governo.
Após a ameaça de que empresas europeias seriam sancionadas, lhes sendo vedadas o acesso ao mercado estadunidense, mesmo gigantes como o fabricante automotivo francês Peugeot e o armador dinamarquês de navios petroleiros Maersk Tankers ficaram abalados pelo impacto da retaliação e disseram que podem deixar o país. A francesa Total também ameaça se retirar de um projeto de exploração do grande campo petroleiro iraniano Pars Sud.
“O tempo de negociações está acabando”, alertou o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, reiterando a necessidade de que os países europeus não se deixem intimidar pelos ataques de Trump.