Sob pressão crescente e após decretação de ordem de prisão a Netanyahu pelo Tribunal Penal Internacional, regime genocida de Israel aceita cessar-fogo
Nas primeiras horas desta quarta-feira, entrou em vigor um cessar-fogo temporário entre Israel e Líbano.
No acordo, as tropas de Israel devem se retirar de todos os pontos onde se acantonou além da fronteira libanesa e o exército libanês se deslocará para o território ao sul do Líbano.
As forças da Resistênia Libanesa (Hezbollah), que não deram descanso ao invasor israelense e com seus mísseis atingiram alvos ao longo de todo Israel, devem se deslocar para pontos mais centrais do Líbano.
Mostrando sua virulência genocida, Israel usou caças para bombardear pelo menos 20 prédios na capital Beirute, poucas horas antes do cessar-fogo entrar em vigor.
É um cessar-fogo extremamente tenso pois ministros de Netanyahu, a exemplo de Israel Katz, o mesmo que fez desfeita ao representante brasileiro depois que Lula condenou o genocídio em Gaza, declarou que a população das aldeias do sul do Libano não pode voltar a suas casas de onde saíram devido ao bombardeio israelense na região.
Poucas horas antes do cessar-fogo entre Israel e Líbano, israelenses se concentraram em Tel Aviv para exigir que o cessar-fogo se estenda a Gaza e que o acordo inclua a liberação dos cerca de 100 israelenses que ainda estão detidos em Gaza.
LIBANESES COMEÇAM A RETORNAR A SEUS LARES
A TV Almayadeen libanesa registrou que já está em curso o retorno histórico de residentes deslocados à força do sul do Líbano, do Vale do Bekaa e do subúrbio sul de Beirute, para suas casas e aldeias, que começou tão logo entrou em vigor o cessar-fogo.
Em Ghazieh, no sul do Líbano, foram capturadas cenas de famílias deslocadas voltando para suas casas. A Al Mayadeen também documentou o retorno dos moradores enquanto passavam pela cidade de Saida, no sul do Líbano. Em Tiro, Al Mayadeen capturou o retorno comovente dos moradores enquanto eles voltavam para suas cidades natais, marcando um momento de alívio e esperança após um período prolongado de deslocamento forçado.
Enquanto isso, procissões comemorativas foram realizadas no subúrbio sul de Beirute, onde as comunidades se reuniram para homenagear a resiliência do povo libanês e da resistência.
Ouvidos pela Al Mayadeen, cidadãos que retornam disseram que “o inimigo apostou no cisma e na guerra civil, mas falhou”, acrescentaram, referindo-se à unidade exibida pela maioria do povo libanês de todas os credos religiosos e facções ao abraçar os deslocados.
Em Beirute, o presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, saudou o retorno dos cidadãos deslocados para suas casas e áreas, que chamou de “legado dos mártires”, cultivado por seus sacrifícios e coroado de vitória.
Berri, prestou homenagem ao mártir da nação, Sayyed Hassan Nasrallah, que lhe confiou “a responsabilidade da resistência política”, em um discurso proferido após o anúncio do cessar-fogo no Líbano. “Mesmo que você deva viver sobre os escombros, volte para suas terras que a Resistência transformou em brasas que não podem ser pisadas”, declarou ele.
Nasrallah foi assassinado em bombardeio israelense a prédios ao sul da capital. Berri elogiou a resiliência do povo libanês em superar as consequências da agressão israelense, que agora cessou, inaugurando uma nova fase para o país. Ele enfatizou a importância da unidade, diante de um dos desafios mais perigosos que o Líbano já enfrentou, ameaçando seus próprios alicerces e exigindo uma resposta unificada para preservar a nação.
MUNDO SAÚDA
Do mundo inteiro, chegam ao Líbano saudações pelo cessar-fogo, com Irã, Egito, Turquia e Iêmen manifestando prontamente seu apoio ao governo, ao povo e à resistência libanesa.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, anunciou na quarta-feira que o Irã saudou a cessação da agressão israelense contra o Líbano, enfatizando o compromisso do Irã com a paz na região.
“O resultado do belicismo e dos crimes cometidos pelo regime sionista, totalmente apoiado pelos Estados Unidos e certos governos europeus, é o martírio de 60.000 pessoas inocentes, o ferimento de 120.000 indivíduos e o deslocamento de mais de 3,5 milhões de pessoas oprimidas na Palestina e no Líbano”, disse Baghaei.
“A opinião pública em todo o mundo tem pedido o fim da guerra e do genocídio nos últimos 14 meses. Hoje, eles aguardam o julgamento e a punição dos perpetradores do regime de ocupação”, disse Baghaei, em referência à investigação de Israel por genocídio e ao mandado de prisão para Netanyahu emitido pelo Tribunal Penal Internacional.
A China saudou o acordo de cessar-fogo alcançado no Líbano e instou a ação semelhante quanto a Gaza. Pequim “apoia todos os esforços conducentes para aliviar as tensões e alcançar a paz, e saúda as partes relevantes que chegam a um acordo sobre um cessar-fogo”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
“O lado chinês acredita que o fracasso em alcançar um cessar-fogo em Gaza é a causa raiz da atual turbulência no Oriente Médio”, afirmou ela, pedindo a todas as partes que “trabalhem juntas para alcançar um cessar-fogo abrangente e duradouro em Gaza em uma data anterior”.
“Por meio da resiliência e da unidade do povo, do exército e da Resistência, o Líbano alcançou uma nova vitória ao repelir a agressão [israelense] e frustrar suas conspirações maliciosas”, disse por sua vaez o porta-voz das forças revolucionárias do Iêmen, Mohammad Abdul Salam,
Também o Ministério das Relações Exteriores egípcio afirmou na quarta-feira que o Egito saúda o anúncio da entrada em vigor do cessar-fogo no Líbano, confirmando que este passo contribuirá para o início de uma fase de desescalada na região.
ESPERANÇA PARA GAZA, DIZ CATAR
O Catar saudou o cessar-fogo, dizendo esperar que o acordo leve a uma trégua em Gaza, onde tem atuado como mediador. “O Estado do Catar saúda o acordo de cessar-fogo na República Libanesa e expressa sua esperança de que ele leve a um acordo semelhante para interromper a guerra em curso na Faixa de Gaza e os ataques israelenses à Cisjordânia ocupada”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Catar em um comunicado.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, expressou satisfação com o acordo de cessar-fogo que entrou em vigor no Líbano e disse que a Turquia está pronta para ajudar de todas as maneiras possíveis a estabelecer um cessar-fogo duradouro em Gaza .
“Estamos afirmando que, como Turquia, estamos prontos para fornecer qualquer contribuição para que o massacre em Gaza termine e para que um cessar-fogo duradouro seja alcançado”, disse Erdogan a membros de seu partido governista AK no parlamento.
Da mesma forma, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia saudou o “resultado positivo das negociações sobre o cessar-fogo no Líbano”, expressando esperança de que ele se torne permanente.
“É imperativo que a comunidade internacional exerça pressão sobre Israel para cumprir integralmente o cessar-fogo e fornecer reparações pelos danos causados no Líbano”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Turquia em um comunicado, acrescentando que o país está pronto para apoiar os esforços de paz no Líbano.
A ministra das Relações Exteriores australiana, Penny Wong, saudou o cessar-fogo entre o Líbano e Israel, expressando esperança de que ele se transforme em um “catalisador para um cessar-fogo mais amplo na região”. “E estamos ansiosos pelo dia em que haverá um cessar-fogo também em Gaza.”
“Queremos ver esforços diplomáticos para garantir que as resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU sejam cumpridas”, disse ela.
Em Washington, o presidente Joe Biden, que de acordo com a mídia pressionou Netanyahu a aceitar o cessar-fogo no Líbano, disse esperar que isso encerre permanentemente as hostilidades, e agradeceu ao presidente francês Emmanuel Macron por sua “parceria para chegar a este momento”.
Segundo a Al Jazeera, na primeira violação do cessar-fogo no Líbano, soldados israelenses dispararam contra jornalistas, ferindo duas pessoas em Khiam, no sul do país.