
Os três maiores bancos privados no país – Itaú, Bradesco e o espanhol Santander – lucraram juntos R$ 13,963 bilhões no período
O lucro do banco Itaú foi de R$ 5,030 bilhões no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro). Em relação ao segundo trimestre houve um aumento de 19,6%. Na comparação interanual houve uma redução de 29,7%. Conforme o Valor Econômico o resultado ficou acima das previsões dos analistas ouvidos pelo jornal, que foram de R$ 4,874 bilhões.
A carteira de crédito total cresceu 20,4% em 12 meses, atingindo R$ 847,0 bilhões em setembro de 2020. No terceiro trimestre de 2019 essa carteira totalizava R$ 703,4 bilhões. O significativo crescimento ocorreu com melhora do desempenho das carteiras de crédito de pessoas físicas e de micro, pequenas e médias empresas, que avançaram 3,9% e 14,0%, respectivamente, ante o segundo trimestre deste ano.
Na carteira de crédito de pessoas físicas, considerando a mesma base de comparação, merecem destaque os crescimentos em crédito imobiliário (5,1%), veículos (10,4%) e cartão de crédito (6,4%).
Receitas de Prestação de Serviços, que incluem as taxas de manutenção das contas correntes, taxas para fazer TEDs e DOCs, foram de R$ 9,465, um aumento de 12,7% sobre o segundo trimestre. Mesmo sobre o mesmo trimestre, sem pandemia de 2019, obteve ainda um incremento de 2,1%.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) médio foi de 15,7% no terceiro trimestre, de 13,5% no segundo trimestre e 23,5% no terceiro trimestre do ano passado, lembrando que a média do ROE, dos 50 maiores bancos do mundo, não passa de 10%, sem pandemia.
O banco Itaú, assim como o Bradesco e o Santander, cujos lucros do terceiro trimestre foram divulgados dias atrás, conseguiu atravessar o segundo e o terceiro trimestre, os mais críticos da pandemia, com lucros de R$ 4,205 bilhões no segundo trimestre e o recém anunciado lucro de R$ 5,030 bilhões no terceiro trimestre.
Os lucros dos três bancos no 3º trimestre ficaram assim:
Itaú = R$ 5,030 bilhões
Bradesco = R$ 5,031 bilhões.
Santander = R$ 3,902 bilhões
Total = R$ 13,963 bilhões
São resultados para ninguém botar defeito e contrastam com a situação econômica da grande maioria de trabalhadores, empresários da indústria, do comércio e do setor de serviços não financeiros.
Números mais recentes desse período, segundo a PNAD do IBGE, indicam 13,8 milhões de desempregados, 31 milhões de trabalhadores por conta própria ou que não têm carteira assinada vivendo na corda bamba, do em extinção auxílio emergencial.
De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a média de empresas que encerraram suas atividades até julho passado foi 17% maior do que as que faliram em 2019.
No acumulado do ano, a produção da indústria brasileira mantém um recuo de 7,2% sobre o mesmo período de 2019. O comércio varejista ainda acumula queda de 1,8%.
Mais do que qualquer outro fator, a retaguarda do Estado, que Guedes e Bolsonaro deram para os bancos, nenhum outro setor, nem de longe, recebeu. Logo de saída, em março, o Banco Central liberou R$ 1,3 trilhões para os bancos fazerem o que bem entendessem com esses recursos.
Na prática foi com essa dinheirama que os bancos emprestaram ao Tesouro para que o governo pagasse o auxílio emergencial, as despesas adicionais para área da saúde, entre outras despesas extras da pandemia.
O que ficou empoçado no caixa, como as sobras de caixa em geral, seguem remuneradas pelas “operações compromissadas”. Um over night que funciona só para os bancos.
Dos empréstimos especiais de apoio às empresas, o Pronampe, por exemplo, teve 85% de garantia do Tesouro. Praticamente, mesmo com uma inadimplência alta, com os lucros desse crédito, é improvável não ter lucro nessa operação.
No mais, não se tem notícia, de qualquer redução das taxas de juros das renegociações de dívidas ou mesmo dos novos contratos. Até Fintechs consultadas por esta redação, em maio, ofereceram taxas a 3,5% ao mês. Em plena pandemia.
No meio da tempestade todos entraram. Com tantas coisas a favor, nossos banqueiros e seus sócios estrangeiros saíram relativa e absolutamente na vantagem.
J.AMARO