Desta vez estamos de acordo. Tanto suas manifestações golpistas como seus seguidores pedindo a volta do AI-5 são coisas de “gente doente”, como ele mesmo disse. O filho, então, que falou do jipe com um cabo e dois soldados, é uma besta completa
Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (15) que apenas um “psicopata” ou um “imbecil” chamaria as manifestações de 7 de Setembro e 1º de maio de “atos que atentam contra a democracia”. Nos fixaremos no Dia da Pátria do ano passado, porque ali ele abriu mais o jogo. Já no 1º e Maio deste ano, no entanto, como a iniciativa teve um fracasso completo de público, deixaremos para um segundo momento, já que Bolsonaro fez uma aparição rápida e nem discursou.
Na verdade, só um psicopata ou imbecil pode dizer que aquela histeria que ocorreu no 7 de Setembro na Avenida Paulista, no ano passado, não foi uma tentativa golpista. É verdade que essa tentativa de atropelar as instituições e impor um regime de terror no país deu com os burros n´água, mas não deixou de ser uma tentativa. É verdade, também, que, no dia seguinte ao fracasso, o “golpista” estava com o rabo entre as pernas, dizendo, pelas penas de Michel Temer, que não era bem isso e pedindo desculpa pelo que tinha dito, etc.
GOLPE FRACASSADO DO 7 DE SETEMBRO
Mas, vamos refrescar a memória do “mito” sobre o que ele aprontou naquele dia 7. Vejamos o que o psicopata afirmou aos berros na ocasião. “Temos um ministro do Supremo que ousa continuar fazendo aquilo que nós não admitimos. Logo um ministro que deveria zelar pela nossa liberdade, pela democracia, pela Constituição faz exatamente o contrário. Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair”, afirmou.
Em seguida acrescentou a seus fanáticos seguidores: “não podemos admitir que uma pessoa, um homem apenas turve a nossa democracia e ameace a nossa liberdade. Dizer a esse indivíduo que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos. Ou melhor, acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha”.
E, cheio de arrogância, arrematou o discurso golpista afrontando o STF e o Brasil: “nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá”, bravateou.
O mandatário afirmou, agora, que as pessoas estimuladas por ele, que seguravam cartazes pedindo a volta do AI-5 e a cabeça de Alexandre de Moraes e de outros ministro do STF, “só podem ser doentes”. É verdade, são uns doentes mentais esses que o seguem e seguram esses cartazes destilando o ódio, a tortura e a morte. Afinal, é isso o que representa o AI-5, instrumento que abriu espaço para a perseguição, a prisão e o assassinato de centenas de opositores do regime de 1964.
COMEÇOU QUESTIONANDO AS URNAS
As manifestações de 7 de Setembro foram alvo de investigações pelo STF e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo foi saber quem financiou as viagens organizadas de caminhões e ônibus de diferentes partes do país e as diárias de hotéis para participantes dos golpes em Brasília e em São Paulo. Houve suspeitas de que as manifestações foram financiadas por empresários e políticos. Naquela época, a estratégia golpista já era questionar as urnas eletrônicas.
Agora, que as eleições se aproximam e o “mito” segue com rejeição alta pelo descalabro na economia, pela disparada da inflação, pelo alto desemprego e pelos escândalos quase diários de corrupção envolvendo pastores palacianos, a família de Bolsonaro e a orgia bilionária com recursos do “orçamento secreto”, ele tenta, novamente, desacreditar, sem nenhum fato concreto, a lisura do pleito. Tenta também, sem sucesso, envolver as Forças Armadas em seus arroubos golpistas. Tudo isso, no entanto, está sendo devidamente rebatido pela Corte Eleitoral e pela sociedade.
Neste domingo, Bolsonaro seguiu sua empreitada. Se reuniu com meia dúzia de donos de iates, numa “lanchiata” em defesa de seu governo e contra o TSE. O “ato”, intensamente convocado, reuniu cerca de dezesseis magnatas com suas embarcações de luxo. Bolsonaro participou com seu jetski.
Aliás, ao invés de governar e dar resposta para os graves problemas vividos pelo país, ele só vive neste tipo de evento, andando de jetski ou de moto de um lado para o outro sem ter o que fazer. Governar parece não ser muito do seu agrado. Não foi por outro motivo que ele saiu da “festa” do lago Paranoá e já foi direto “passear” de moto pela capital.
Foi neste contexto, ou seja, em mais uma motociata, que Bolsonaro disse que era preciso ter “pena” de um “maluco” que levanta uma “faixa do AI-5”. Ele também afirmou que é “acusado de querer dar golpe”, mas argumentou que isso seria impossível porque já é presidente.
A primeira parte é verdade. Os democratas realmente impediram-no e o golpe tonou-se, não diria impossível, mas improvável. Já em relação à segunda parte da frase, o que ele disse é uma clara tergiversação. Seu objetivo era, mesmo estando na Presidência, fechar o STF e o Congresso e virar um ditador. Só que não deu certo.
VIVANDEIRA DE QUARTEL
Bolsonaro não parou por aí. “Aí vem um ministro e fala que desde 97 não se tem suspeito de qualquer ato ilegal. Em 2014, o PSDB mandou fazer uma auditoria internacional sobre eleições. Qual o resultado? Que aquela votação é inadiável. Não sou eu que estou dizendo isso. Será que a verdade dói tanto nas pessoas? A verdade é uma coisa que tem que existir entre nós. Me aponte um ato antidemocrático meu. Unzinho só”, disse Bolsonaro entre um passeio e outro.
Os atos e atitudes antidemocráticas de Bolsonaro não são alguns. Foram cometidos às dezenas. Os ataques a jornalistas que o digam. Sem falar em discursos – imitando as vivandeiras – nas portas dos quarteis.
Sobre a fala da eleição de 2014, o TSE já desmentiu Bolsonaro diversas vezes em relação à segurança das urnas e negou que tenha havido fraude ou que as urnas não tenham sido auditadas. Não há nenhuma evidência de que houve adulteração de programas, de votos ou mesmo qualquer indício de violação ao sigilo do voto nos pleitos desde que esse processo foi implantado no Brasil.
Bolsonaro insiste tanto em deixar o Brasil à deriva e em fugir dos problemas que, no final do ano passado, quando Minas e Bahia sofriam com tragédias climáticas provocadas pelas chuvas, com milhares de desabrigados necessitando de socorro, se recusou a abandonar suas férias, seus passeios de jetski, suas festas regadas a funk e churrascos nas praias de Santa Catarina para ajudar as vítimas dos temporais. Chegou a dizer; na época; que, afinal, “ninguém é de ferro”.
É esse o atual presidente, que não pensa em outra coisa a não ser ficar no Planalto e manter essa mamata.
S. C.