Nesta quarta-feira (28), se iniciaram os Jogos Paralímpicos de Paris. A cerimônia de abertura começou às 15h (de Brasília). O evento foi realizado de maneira inédita, fora de um estádio, com o desfile dos atletas que partiu da parte inferior da Champs-Elysées se estendendo pelo coração da capital francesa até a icônica Place de la Concorde. A competição vai até o dia 8 de setembro.
A festa celebrada nesta quarta-feira (28) tinha como objetivo a reflexão sobre a necessidade de uma sociedade mais inclusiva.
A delegação brasileira agitou a plateia presente na cerimônia de abertura. O Brasil foi o 21º país a entrar no percurso de aproximadamente 2,5km preparado para o desfile dos atletas. Conduzidos pelos porta-bandeiras Gabriel Araújo, da natação, e Beth Gomes, do atletismo, os atletas brasileiros mostraram animação por todo o trajeto.
Representante do país com mais participações em Jogos Paralímpicos, a nadadora cearense Edênia Garcia, da classe S3 (limitação físico-motora), afirmou que realizou um sonho ao entrar na Champs-Élysées.
“A gente trabalha muito para estar aqui, então é a realização de um sonho. O ciclo paralímpico conta com vários atos e os Jogos são o ato final. Eu fico emocionada, porque a gente deixa um marco na história do Brasil e do Movimento Paralímpico. Está tudo muito lindo”, avaliou a atleta, que nasceu com doença de Charcot-Marie-Tooth, também conhecida como atrofia fibular muscular.
Dessa mesma forma, um dos porta-bandeiras do Brasil, o nadador mineiro Gabriel Araújo afirmou: “Estou muito feliz e honrado por viver este momento único. Independentemente de nadar no dia seguinte ou não, já estava no meu planejamento participar da abertura. Não dá para recusar uma oportunidade dessa. É um sonho estar vivendo tudo isso”, disse Gabriel, que nasceu com focomelia, doença que impede a formação de braços e pernas.
“Muita emoção em poder representar todo o Brasil, entrar na avenida mais famosa do mundo e abrir os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Até me belisquei para entender se era verdade mesmo. Nunca deixem de sonhar, porque seus sonhos podem se tornar realidade”, completou a porta-bandeira Beth Gomes, que disputará as provas de arremesso de peso e lançamento de disco na classe F53 (cadeirantes). Ela foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993, quando era jogadora de vôlei convencional.
META PARALÍMPICA
Após um dos melhores ciclos em diversas modalidades, o Brasil busca a 400ª medalha nas Paralimpíadas. Na história dos Jogos Paralímpicos, que teve sua primeira edição em Roma 1960, o Brasil tem um total de 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes, com 373 medalhas ao todo. Faltam 27 pódios para o número histórico.
A delegação brasileira dos Jogos Paralímpicos de Paris tem 280 atletas, de 16 a 64 anos, e é a segunda maior da história do país, abaixo apenas de 2016, quando o Rio de Janeiro foi sede do evento. As mulheres ainda são minoria, pouco mais de 40%, mas garantem a maior participação da história. Por fim, 23 dos 26 estados, além do Distrito Federal, estão inclusos no time, que tem tudo para bater o recorde histórico de medalhas.
No Rio 2016 e em Tóquio 2020, a delegação conquistou o maior número de medalhas em únicas edições, com 72 em cada. Mas foi no Japão que o país estabeleceu o recorde de ouros, 22, superando a marca de Londres 2012, quando 21 brasileiros subiram ao lugar mais alto do pódio. Em 2016, foram 14 ouros.
A delegação brasileira será a maior para uma edição dos Jogos fora do Brasil, com 280 atletas no total. São 255 com deficiência, 19 atletas-guia (18 para o atletismo e 1 para o triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo.
A maior equipe nacional fora de casa era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência, além de atletas-guia, calheiros e goleiros, em todas as 22 modalidades, já classificadas automaticamente devido ao fato do país ser a sede do evento.
Em Paris, o Brasil estará representado em 20 das 22 modalidades: atletismo, badminton, bocha, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, hipismo, halterofilismo, judô, natação, remo, tênis em cadeira de rodas, taekwondo, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo e vôlei sentado. Só não haverá brasileiros no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeira de rodas.
A delegação brasileira chega a Paris em um dos melhores ciclos de sua história em diversas modalidades, com resultados relevantes em Mundiais. No atletismo, que é a modalidade com a maior quantidade de convocados para Paris 2024, com 71 atletas e 18 atletas-guia, o país obteve campanhas históricas nos Mundiais de Paris 2023 e de Kobe 2024.
No Japão, os brasileiros conquistaram o maior número de ouros na história do país na competição, com 19 pódios dourados, superando as 16 vitórias registradas na edição de Lyon 2013. O atletismo é o esporte em que o Brasil mais conquistou medalhas em Jogos Paralímpicos, com 170, somando os pódios das provas nas pistas e no campo – foram 48 de ouro, 70 de prata e 52 de bronze.