
O jornalista e documentarista australiano John Pilger deu início a campanha “Justiça e liberdade para Julian Assange significam liberdade de expressão para todos nós”, através da organização Courage Foundation (Fundação Coragem), entidade destinada a apoiar aqueles que arriscam a vida ou a liberdade pela verdade.
No documento, publicado na segunda-feira (4), Pilger afirma que Assange foi obrigado a se refugiar por seis anos “na embaixada equatoriana em Londres” sob a ameaça de que o “Departamento de Justiça dos EUA apresentaria um requerimento ao governo inglês pedindo a sua extradição para os EUA”. De acordo com o documento, a mais provável acusação seria por “‘espionagem’, o que remeteria o caso a uma lei da Primeira Guerra Mundial, já extinta, destinada a punir opositores”.
Pilger realça a absurdo da perseguição dos EUA contra Assange lembrando que ele “não é americano” e que também não “‘traiu’ nenhum estado. Seu ‘crime’ foi a divulgação de jornalismo e publicação gratuita de documentos protegidos pela Constituição dos EUA”, afinal, tratavam das violações dos EUA contra as leis internacionais.
Em seu documento, Pilger também afirma que o WikiLeaks apenas “revelou a verdade sobre as guerras vorazes e as maquinações de uma elite corrupta”, e por isso foi “pintado” pelos EUA como “espião” russo. Porém, “a CNN e o resto da mídia não dizem que o mais importante serviço de inteligência dos EUA admitiu, sob juramento, que suas agências não encontraram nenhuma evidência ligando Assange ou o WikiLeaks à Rússia”.

Roger Waters, um dos fundadores do Pink Floyd , divulga em seus shows a mensagem, “Resistir à tentativa de silenciar Julian Assange”
Julian Assange possui o status de refugiado político, conforme a Convenção da ONU de 1951, e nesse sentido, o “Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da ONU exigiu o fim de sua perseguição” durante uma investigação na qual igualmente participou o governo inglês. Dessa forma, a “ONU pede que a Inglaterra honre suas responsabilidades para com a Convenção e dê a Assange o direito de passagem para fora da embaixada”.
As condições precárias impostas a Assange durante seu exílio na embaixada equatoriana pelo atual governo de Lênin Moreno o impedem de receber visitas, de acessar qualquer tipo de comunicação (telefone e internet), de ir ao hospital ou mesmo de tomar sol. “Desde a Páscoa, o seu isolamento se tornou extremo. De acordo com a Human Rights Watch, ‘o refúgio dele na embaixada parece cada vez mais com o confinamento em uma solitária’.
“Ao forjar uma nova e submissa relação com os Estados Unidos, o governo equatoriano visa dificultar a vida de Assange a tal ponto que ele seja silenciado completamente ou deixe a emb
aixada para ser capturado pela polícia”, completa Pilger ao mencionar a crítica do ex-presidente Rafael Correa, que disse que o tratamento dispensado agora a Assange equivale a “tortura”.
A campanha conta com o apoio de personalidades como o cantor, compositor e ex-vocalista do Pink Floyd, Roger Waters, que em seus shows tem divulgado a iniciativa, a exemplo de seu show realizado em Berlim, na Alemanha, no dia 2, onde deixou exposto um painel com os dizeres: “Resistir à tentativa de silenciar Julian Assange”.
Entre as manifestações previstas pela campanha, está a organizada para o próximo dia 17 de junho, na Praça da Prefeitura de Sydney, que exige uma posição do governo australiano pela liberdade de Assange e outra em Londres, que será realizada dois dias depois, em frente à embaixada equatoriana, pedindo a livre passagem de Assange ao governo inglês para sair do país.