
A juíza federal Allison D. Burroughs bloqueou a nova ordem do presidente Donald Trump que impedia a entrada de estudantes estrangeiros na Universidade de Harvard. A decisão foi tomada poucas horas após a universidade divulgar uma ação judicial contra o decreto presidencial que havia sido assinado na quarta (4), e permanecerá em vigor até 20 de junho de 2025.
Segundo a universidade, este “não é o primeiro esforço da administração [Trump] para separar Harvard de seus estudantes internacionais”. E sustentando que a medida é parte de uma “campanha organizada e crescente de retaliações da parte do governo, em clara vingança pelo exercício de Harvard de seus direitos protegidos pela Primeira Emenda para rejeitar as exigências do governo de controlar a governança, o plano de estudos e a ‘ideologia’ de seu corpo docente e de seus estudantes”, a maior casa de estudos do país afirmou que a presença internacional é um dos pilares de sua excelência acadêmica.
“A medida nega a milhares de estudantes de Harvard o direito de vir a este país para buscar sua educação e seguir seus sonhos, e nega à Harvard o direito de ensiná-los. Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, afirmou a universidade no processo.
TRUMP VIOLA DECISÃO ANTERIOR
No mês passado, Burroughs já havia impedido Trump de implementar uma ordem similar que proibia Harvard de matricular os estudantes internacionais que representam mais de um quarto do corpo discente da universidade. Nesta quinta-feira, Harvard alterou seu processo judicial para contestar a nova diretriz, alegando que Trump está violando a decisão anterior de Burroughs.
Na primeira ação contra a medida para restringir estudantes estrangeiros, apresentada em 23 de maio, Harvard chamou a iniciativa de “retaliação clara” por sua recusa às demandas políticas ideologicamente enraizadas do governo.
Harvard transformou-se no principal alvo da campanha do presidente dos EUA contra as universidades do país, às quais ele acusa de antissemitismo por permitir manifestações pró-palestina em seus campi e de impor políticas de diversidade, inclusão e igualdade.
Entre outros protestos, na cerimônia de formatura realizada em 29 de maio último, milhares de pessoas se reuniram no histórico Harvard Yard, área central do campus, para se pronunciar à favor da Palestina
CORTES DE FINANCIAMENTO E CONTRATOS
O governo congelou cerca de 3,2 bilhões de dólares (17,9 bilhões de reais) em subsídios federais e contratos com a universidade e a excluiu de futuros auxílios, além de ameaçar anular suas isenções fiscais.
Sob tais pressões, o reitor de Harvard, Alan Garner, em abril passado já havia alertado em um comunicado que “se o financiamento for interrompido, pesquisas que salvam vidas serão paralisadas e a tão importante exploração científica e inovação será colocada em risco”. Em relação às fabricadas acusações de “antissemitismo”, Garner alegou que Harvard “reforçou” suas normas e abordagem “para disciplinar aqueles que as violaram” nos últimos 15 meses.
De acordo com a Associated Press, são quase 6.800 estudantes estrangeiros em Harvard, a maioria da pós-graduação, vindos de mais de 100 países.