Após decisão do BC, juro real vai a 9,18%, muito além da maioria dos 40 países pesquisados. Média geral está em 1,34%
O Brasil é o país com o segundo maior juro real do planeta, atingindo 9,18% após o aumento da Selic (taxa básica de juro) de 12,25% para 13,25% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), na quarta-feira (29).
“Aos 13,25% aa, o Brasil sobe à 2ª colocação no ranking mundial de juros reais”, destaca o site MoneYou, que afirma que a taxa brasileira de juros reais só perde para a taxa da Argentina que, sob o desgoverno de Javier Milei, encontra-se em 9,36%. A média geral, entre os 40 países pesquisados, está em 1,34%, sendo que em 13 países o juro real está negativo ou em torno de zero e em 14 países não passa de 2%.
O juro real é o ganho efetivo que os banqueiros obtêm de empréstimos e aplicações financeiras, após descontar a inflação. Ou seja, o juro real é, exatamente, o lucro do banqueiro e dos rentistas.
Por outro lado, com os juros reais em níveis altos as empresas produtivas param de investir em novos projetos, na produção, nas contratações de novos trabalhadores, como destaca a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Em novembro de 2024, a produção industrial caiu 0,6% em relação ao mês anterior, sendo o segundo mês consecutivo de queda. Ainda, a queda no volume vendido no varejo foi de 1,8% em novembro de 2024, revertendo o crescimento que havia sido registrado em outubro. Já nos serviços, houve recuo de 0,9% em novembro, praticamente anulando a alta que tinha sido obtida em outubro”, afirma a CNI, após a divulgação da decisão do Copom.
“Fica evidente que o aumento da Selic foi uma decisão excessiva e na direção errada, representando somente mais custos financeiros para as empresas e os consumidores, e perda adicional e desnecessária de empregos e renda”, destaca a entidade em nota.