
Na última sexta-feira (14) o Tribunal do Júri da Capital do Rio de Janeiro condenou, os dois réus pela morte do congolês Moïse Kabagambe, em 24 de janeiro de 2022. Fábio Pirineus da Silva foi condenado a 19 anos, 6 meses e 20 dias de prisão, e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, a 23 anos, 7 meses e 10 dias de prisão, ambos em regime fechado.
O crime ocorreu em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O jovem congolês, de 24 anos, foi brutalmente espancado após uma discussão, com socos, chutes e pauladas.
Fábio e Aleson foram condenados por homicídio triplamente qualificado motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Além dos dois, Brendon Alexander Luz da Silva também responde pelo crime, mas seu julgamento ainda não foi agendado. O Ministério Público do Rio recorreu em plenária para aumentar a pena dos dois. A defesa dos condenados anunciou que vai recorrer da sentença. Como a decisão foi em regime fechado e já estavam presos, continuarão na cadeia.
Ao ler a sentença, após dois dias de julgamento, o juiz Thiago Portes, que presidiu o júri, destacou o fato de Moïse ter sido morto no país onde ele e sua família buscaram apoio e abrigo após fugir da guerra em seu país, a República Democrática do Congo: “A morte da vítima gerou comprovados abalos de ordem psicológica e psíquica nos familiares da vítima, notadamente a genitora e o irmão, oriundos da República Democrática do Congo, que se evadiram da guerra, dos conflitos armados existentes em seu país, com a legítima expectativa de encontrar uma vida minimamente digna no Brasil. Fugiram da guerra, mas encontraram em um país que se diz acolhedor a crueldade humana e mundana, que ceifou a vida de seu filho e irmão”.
A família do congolês acompanhou julgamento e se disse satisfeita com o desfecho do caso:
“Meu coração está tremendo, mas tremendo de feliz. Estou muito feliz com o dia de hoje, a justiça de hoje-, afirmou Yvone, a mãe de Moïse”, em entrevista à TV Globo.
Maurice, irmão da vítima, acrescentou, também em entrevista para a TV Globo, que a condenação repara a imagem de Moïse.
“Tivemos uma resposta que esperamos há dois anos, que Moïse não era uma bêbado, não era um drogado. O que fizeram com um trabalhador da África, do Congo, para buscar uma vida melhor para o Brasil e foi morto como uma cobra. Um ser humano. Isso não pode acontecer, esse tipo de pessoa não pode viver em sociedade. Pessoas assim têm que ficar na cadeia,não entre asociedade”, disse Maurice.
O promotor do caso, Bruno Bezerra, se disse satisfeito com o desfecho do julgamento.
“Os réus receberam a condenação máxima. Moise foi espancado por 13 minutos. É isso que a gente quer construir? Hoje,a sociedade, por meio dos jurados, disse que não”, disse.
A defensora pública Luciana Mota, disse que o próximo passo será a família entrar com uma ação por danos morais contra os acusados.
“A gente vai em busca de uma indenização justa para compensar a dor dessa família”, disse.