
“Pessoas racionais que compreendem o Irã, seu povo e sua história jamais ameaçarão esta nação”, deixa claro o líder iraniano Ali Khamenei
O líder supremo da Revolução Iraniana, Ali Khamenei, respondeu serenamente à ameaça postada pelo presidente norte-americano Donald Trump via rede Truth Social e exigência de “rendição incondicional” do Irã, advertindo-o em discurso televisionado sobre as “consequências irreparáveis” para os EUA caso intervenha na guerra desencadeada por Israel e acrescentando que “pessoas racionais que compreendem o Irã, seu povo e sua história jamais ameaçarão esta nação”.
O povo iraniano – ele destacou – “jamais se renderá e a corajosa firmeza do povo iraniano diante da maliciosa agressão israelense reflete a consciência e a lógica racional do nosso povo”. “Permanecerá firme e forte diante de qualquer paz imposta, assim como permaneceu firme diante de uma guerra imposta”, sublinhou.
“Nossas forças armadas estão prontas para defender a pátria, com o apoio das autoridades e de todo o povo”, “guerra é respondida com guerra, bombardeio com bombardeio e ataque com ataque” e o “Irã não perdoará o regime sionista por violar seu espaço aéreo, nem esquecerá o sangue de seus mártires”, reiterou Khamenei.
Parece que a apodrecida plutocracia ianque não aprendeu nada com o Vietnã, com a Coreia, com o Iraque ou com o Afeganistão e em sua arrogância e decadência se lança a repetir os mesmos desastres que pavimentaram o caminho para a atual derrocada, que o movimento MAGA diz querer reverter.
Trump, que se elegeu, entre outras coisas, prometendo que iria tirar os EUA das guerras eternas desencadeadas pelo ‘Estado Profundo’, agora está a um triz de obter seu próprio Vietnã na Ásia Ocidental, uma nação cujas raízes remontam a dois mil anos.
EM SOCORRO AO GENOCIDA NETANYAHU
E essencialmente o faz em socorro ao genocida Benjamin Netanyahu, o herdeiro do fascismo de Jabotinsky, atolado em Gaza e na corrupção, para manter seu leão de chácara a postos junto ao petróleo árabe, há muito tornado o esteio do dólar, depois da queda de Bretton Woods, quando do repuxo da derrota no Vietnã.
O “rei Bibi”, que desde 1992, ou seja, há três décadas, periodicamente alega que o Irã está a “meses ou dias” de ter a bomba nuclear. Quando é Israel que é o Estado pária em relação ao Tratado de Não Proliferação, como já revelou o heróico Mordechai Vanunu, e que ameaça os países vizinhos e até a humanidade inteira com sua Opção Sansão.
GANGSTERISMO
A decadência do imperialismo fez ascender ao poder nos EUA e ditos “países centrais” uma safra de desclassificados, ao estilo Trump, mas não só ele; um lumpesinato de alargados bolsos, mas essencialmente lumpesinato. Viciados no rentismo, gangsterismo e hipocrisia.
O imperialismo tentou matar centenas de vezes a Fidel; trucidou Lumumba. Fazia, mas não se gabava. Agora Trump diz que sabe “onde Khamenei está” e que “por agora” não vai matá-lo. A cervejaria de Munique, ao que parece, atualmente é anexa à mansão de Mar-a-Lago.
Outro lumpen-milionário, o ex-banqueiro da BlackRock na Alemanha e atual primeiro-ministro, Friedrich Merz, aliás neto de figurão nazista, disse simplesmente que Israel “faz o trabalho sujo para nós”. Enquanto o G7, aquele clube de colonialistas em crise, em comunicado defendeu o sacrossanto “direito de Israel se defender”.
Quando foi o regime de apartheid de Tel Aviv que bombardeou o Irã covardemente, na calada da noite, e matou cientistas e líderes iranianos em atos terroristas, com a óbvia conexão de deter a crise política que ameaçava de queda (e prisão) a Netanyahu e de sabotar uma conferência internacional em apoio ao Estado Palestino – além de prestar serviço a Washington.
Com o agravante de que o bombardeio de instalações nucleares civis é terminantemente proibido pela lei internacional, como a própria AIEA se manifestou.
Registre-se que o sinal verde para o ataque israelense foi fabricado por uma votação no Conselho de Governadores da AIEA, articulada por Washington e Bruxelas, em que requentaram uma questão superada do ano 2000 – há 25 anos -, para propiciar a Netanyahu uma folha de parreira.
Também foi Trump que no primeiro mandato retirou os EUA de um acordo de troca do fim de sanções ao Irã pelo regime mais rígido de fiscalização da AIEA, negociado por seu antecessor, Obama, e respaldado pelo Conselho de Segurança da ONU.
Agora, o diretor geral da AIEA, o espanhol Rafael Grossi, admitiu que não há nenhuma prova de que não seja pacífico o programa nuclear iraniano que é fiscalizado dia e noite pela AIEA. Ainda, em março a Diretora Nacional de Inteligência de Trump, a ex-deputada Tulsi Gabbard, em depoimento ao Congresso dos EUA afirmou que os organismos de inteligência dos EUA consideram que não há tal programa.
DIREITO INALIENÁVEL DO IRÃ
O presidente iraniano Masud Pezeshkian reiterou que, apesar das alegações ocidentais, o Irã não pretende desenvolver armas nucleares, “com base em suas crenças religiosas e nas políticas delineadas pelo líder da Revolução Islâmica”, Khamenei, que proíbem a produção e o uso de armas de destruição em massa. Ele enfatizou que o Irã defenderá seu direito inalienável de usar energia nuclear para fins pacíficos e conduzir pesquisas nucleares.
“Temos o direito de nos beneficiar da energia nuclear e da pesquisa que beneficia esta sociedade, e ninguém tem o direito de tirar isso do Sistema ou da República Islâmica. Permanecemos firmes na conquista desse direito e não tememos que nenhum poder garanta o que é nosso por direito”.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia condenou os ataques aéreos israelenses às instalações nucleares iranianas, que estão sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), apontando que não só danificaram a infraestrutura nuclear como também colocaram sob sério risco a vida dos inspetores da AIEA.
“Os intensos e contínuos ataques israelenses contra instalações nucleares pacíficas na República Islâmica do Irã são ilegais segundo o direito internacional, criam riscos intoleráveis à segurança global e estão levando o mundo à beira de uma catástrofe nuclear, cujas consequências serão sentidas em todos os lugares, inclusive no próprio Israel.”
Nesse contexto, a Rússia exigiu que a AIEA apresentasse prontamente um relatório abrangente ao Conselho de Governadores e ao Conselho de Segurança da ONU. O relatório deve documentar de forma objetiva, precisa e transparente a destruição das instalações nucleares do Irã e identificar as ameaças aos inspetores. Moscou também conclamou a liderança israelense a cessar imediatamente os ataques e retornar à razão política.
“SEMPRE SOUBE A DATA”
Como denunciou o jornalista investigativo Ben Norton, do Geopolitical Economy Report, “o governo dos EUA apoiou os ataques, fornecendo inteligência e planejamento com Netanyahu”. “Donald Trump cinicamente usou as negociações nucleares com Teerã como cobertura, enquanto supervisionava a operação conjunta EUA-Israel”, denunciou Norton. Trump também considerou “excelente” a agressão israelense em outra postagem e chegou até mesmo a escrever que “controle do espaço aéreo iraniano é nosso”. E asseverou à ABC News, que “sempre soube a data” do ataque de Israel ao Irã; “Nós sabíamos tudo”.
O envolvimento dos EUA na guerra é altamente impopular nos EUA, segundo a pesquisa Economist / YouGov com 1.512 adultos americanos realizada entre 13 e 16 de junho: 60% de todos os entrevistados se opõem enquanto apenas 16% apoiam; 24% não tinham certeza. Entre os que votaram na democrata Kamala Harris para presidente no ano passado, 71% se opuseram à guerra contra o Irã. O mesmo aconteceu com 53% dos eleitores de Trump. De fato, a maioria dos entrevistados em todas as categorias de gênero, raça, idade e renda se opôs à ação militar contra o Irã.
Até entre trumpistas de quatro costados surgiu resistência a embarcar na aventura contra o Irã, com manifestações públicas do ex-âncora da Fox News, Tucker Carlson, da deputada Marjorie Taylor Greene e, até mesmo, do ex-guru Steve Bannon, este por considerar um desvio em relação ao alvo que interessa, a China.