
Uma das referências da luta pelos direitos indígenas e da nacionalização da energia na Guatemala, Dominga Ramos, foi assassinada dentro de casa com oito tiros na frente da nora e dos netos na última quinta-feira (5) na comunidade de Las Delícias, município de Santo Domingo, em Suchitepéquez.
“Era um homem com a gorra colocada ao revés, tinha uma tatuagem verde no braço. Chegou aqui caminhando e perguntando por Dona Minga. Minha sogra se levantou da rede, abriu a porta e falou com o bandido. Ele lhe disse: Este ‘encargo’ é para você, enquanto tirava a arma da cintura e disparava várias vezes contra minha sogra. Ela caiu no chão e ele se foi. Eu tentei me esconder por trás das mesas”, contou Judith Raquel, nora de Dominga.
Destacada liderança do Comitê de Desenvolvimento Camponês (Codeca) e do Movimento pela Libertação dos Povos (MLP) – cujas siglas da candidatura do marido Miguel Ixcal à Prefeitura, em 2019, ainda estão pintadas na entrada da casa – Dominga, de 53 anos, foi uma das grandes construtoras do partido, que chegou em segundo lugar em nível municipal e quarto em termos nacionais.
Principal dirigente regional, Miguel Ixcal integra o Comitê Político do Codeca e é assessor político de Vicenta Jerónimo, única deputada do MLP no Congresso Nacional.
Os militantes do Codeca avaliam que a organização é uma “pedra no sapato ao banquete neoliberal e o colonialismo estadunidense na Guatemala, com o MPL se convertendo numa ameaça política real frente aos crimes da oligarquia transnacional no país”. Objetivamente, ressaltam, a última ação do MPL foi desmascarar por meio da deputada Vicenta Jerónimo a absurda e abusiva desproporção de impostos pagas pelos mais pobres em prol de uma pequena elite.
O tal “encargo” deixado para dona Dominga pelo seu assassino, alertam, visa minar a crescente oposição liderada pelo Codeca-MLP.