
Embora não admita publicamente, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) deve ser o candidato do presidente da Casa. Ele quer evitar tensões antecipadas, pois apoiava até o primeiro semestre Elmar Nascimento (União Brasil-BA)
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, nesta segunda-feira (21), que vai anunciar o candidato que pretende apoiar na disputa pela Presidência da Casa no “momento adequado” e indicou que isso pode ocorrer após o segundo turno das eleições.
“Não é momento para a gente estar falando de sucessão na Câmara, pelo menos agora. Nós vamos ter oportunidade ainda. O segundo turno vai passar, a gente vai esperar o resultado das eleições e aí a gente se posiciona”, disse em entrevista à jornalistas durante evento sobre agronegócio, em São Paulo.
Segundo Lira, a Casa deve chegar à candidatura de consenso até fevereiro do próximo ano e, se isso não ocorrer, vencerá quem tiver mais votos. São pré-candidatos ao cargo, os deputados Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA).
“A gente tem que dialogar. O fato de você ter candidato ou não ter candidato dá oportunidade para a Casa dialogar. É o tempo necessário. Nós vamos chegar, eu penso, num entendimento. Se não chegar, vamos ter o que é salutar na política: a maioria vence e a maioria vai ser respeitada”, declarou.
LIRA MINIMIZA
As eleições internas para o novo comando da Câmara serão realizadas em fevereiro de 2025. Para Lira, é preciso “ter calma” e trabalhar na construção de votos. Ele minimizou a disputa e afirmou se tratar de “pauta administrativa”.
“Vamos ter calma, o processo vai se desenrolar com naturalidade, e fato: essa questão de número de votos, de apoio, é construída. O importante é que você tenha uma Câmara, um Congresso, que funcione. Precisamos pensar no dia depois de amanhã, não é nem no dia de amanhã. Essa possibilidade de disputa é natural, o extrapolar disso, o fomentar isso, é que não faz bem”, declarou.
Lira, aparentemente, minimiza a eleição para a presidência da Casa. Todavia, não se trata de eleição qualquer, pois o eleito entra na linha sucessória da Presidência da República em caso de vacância no Planalto.
Na verdade, Lira não quer tensionamentos agora, pois deve apoiar Hugo Motta, que entrou na disputa em razão de promessa desse apoio. Entretanto, o candidato preferencial do atual presidente era Elmar Nascimento, que perdeu esse apoio em razão de ter características políticas parecidas com as de Lira. Isso gerou questionamentos e o presidente recuou.
HUGO MOTTA GANHOU PROTAGONISMO
Desde o primeiro semestre, Elmar Nascimento, líder do maior bloco político da Câmara, era considerado o favorito de Lira. No entanto, após a desistência da candidatura de Marcos Pereira (SP), presidente nacional do Republicanos, a disputa teve reviravolta e Hugo Motta ganhou protagonismo.
“Eu vou falar e me pronunciar no momento adequado. Todos especularam, há mais de 1 ano, toda a imprensa, que meu candidato era Elmar Nascimento, que é meu amigo pessoal. Eu nunca falei nem para você, nem para imprensa nenhuma, nem para deputado nenhum, qual era o candidato. Porque, de novo, eu tenho todos na mais alta conta, todos têm condição de representar o Parlamento”, declarou Lira.
LIRA E MOTTA JUNTOS EM EVENTO
Lira, Hugo Motta e congressistas ligados ao setor sucroenergético participaram, nesta segunda-feira, da 24ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo.
O presidente da Câmara, no entanto, minimizou a presença de Motta como aceno para a própria candidatura. Durante o discurso na abertura da conferência, no entanto, cumprimentou Motta como representante do Colégio de Líderes, destinando-lhe elogios.
O gesto é sintomático, embora Lira queira minimizar a presença de Motta. Tudo indica que a disputa pelo comando da Câmara será das mais acirradas dos últimos anos, caso não haja entendimento entre os 3 contendores.