“Lista suja do trabalho escravo voltará a ser elaborada”, anuncia Flávio Dino

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, durante evento de assinatura do termo de cooperação técnica com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Foto: Tom Costa - MJSP
“Pessoas que praticam esse tipo de crime, além de estarem sujeitas às penas previstas em lei, eles são maus empresários. Estão atacando contra a economia”, acrescentou o ministro da Justiça

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que sujeitar alguém ao trabalho escravo é crime e não tem nada a ver com a existência de políticas assistencialistas. Dino disse que a “lista suja do trabalho escravo” voltará a divulgar o nome das empresas que praticam esse tipo de crime.

“Nós temos leis que dizem que essas práticas são crime. Não é uma opção de organização do trabalho”, apontou o ministro em entrevista ao UOL.

“Temos a necessidade de compreender que essas pessoas que praticam esse tipo de crime, além de estarem sujeitas às penas previstas em lei, eles são maus empresários. […] Estão atacando contra a economia”, acrescentou.

Flávio Dino rebateu a argumentação da entidade patronal “Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (RS)” que disse que o trabalho escravo confirmado em vinículas da região acontece porque a população brasileira opta por sobreviver com base em políticas assistencialistas.

“Nós temos, infelizmente, ecos do passado, sobretudo a mácula terrível de onda da escravização negra, que explicam que certas pessoas, não obstante tenham no seu calendário o ano de 2023, pensem que estão no século 19. É isso que estamos vendo nesses episódios”, falou o ministro do governo Lula.

“Precisamos agir, obviamente, dizendo que os programas assistenciais são imprescindíveis em todos os países do planeta – portanto é falsa essa ideia de que é algo puramente brasileiro”.

“A chamada lista suja voltará a ser elaborada. O ministro [Luiz] Marinho, do Trabalho, com a fiscalização do trabalho, com certeza está atento a essa dimensão”, continuou.

Ele apontou ainda que é “juridicamente possível”, sem mesmo a necessidade de aprovação no Congresso Nacional, que o governo use a “lista suja do trabalho escravo” para que as empresas criminosas deixem de receber crédito de bancos públicos.

A lista suja do trabalho escravo foi criada em 2004, mas enfraquecida durante o governo Bolsonaro, que usou a Controladoria-Geral da União (CGU) para dificultar o acesso à lista.

Jair Bolsonaro também deu declarações tentando relativizar a luta contra o trabalho escravo no Brasil.

“De acordo com quem vai autuar ou não aquele possível erro da função do trabalho, a pessoa vai responder por trabalho escravo. E aí, se for condenado, dada a confusão que existe na Constituição no meu entender, o elemento perde sua propriedade. Esse cidadão vai perder a fazenda. Vão ele, netos e bisnetos para a rua, se não for para a cadeia. Quem tem coragem de investir num país como esse daqui?”, falseou a questão o então presidente.

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