O empresário Luis Felipe Belmonte fez pagamentos de R$ 2,1 milhões para familiares e amigos de Jair Bolsonaro enquanto atuava como lobista para aprovar um projeto que liberava a mineração em terras indígenas.
Belmonte fez uma doação para Jair Renan Bolsonaro, o “04”, e pagamentos para Karina Kufa, advogada de Bolsonaro, e Sérgio Lima, marqueteiro da campanha à reeleição. Ele também comprou o apoio de supostas lideranças indígenas.
Mensagens obtidas pela Polícia Federal, no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, revelam que Luis Felipe Belmonte teve reuniões no Palácio do Planalto e fez pagamentos para “viabilizar o projeto dos indígenas”. As mensagens foram trocadas entre 2018 e 2020.
Belmonte é próximo de Jair Bolsonaro, tendo atuado na tentativa de fundação do Aliança pelo Brasil, partido do qual seria vice-presidente.
Em 2020, o empresário doou para Jair Renan Bolsonaro R$ 9,5 mil para ajudar na fundação da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, sediada em Brasília. Jair Renan está sendo investigado por tráfico de influência.
Belmonte também pagou R$ 634 mil para o escritório de Karina Kufa, advogada de Jair Bolsonaro, na mesma época em que estava fazendo lobby para a mineração de terras indígenas.
Outra transação feita à época foi uma R$ 1,5 milhão para as empresas de comunicação de Sérgio Lima e seu sócio, Walter Bifulco.
Em 2019, a esposa de Luis Felipe Belmonte, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), o criticou e questionou o gasto milionário feito para a empresa de comunicação.
Segundo o empresário bolsonarista, o objetivo era conseguir uma “aproximação com o Planalto e viabilização do projeto dos indígenas”.
“Projeto de comunicação: envolve três fatores, a) comunicação e imagem, propriamente dito; b) aproximação com o Planalto e viabilização do projeto dos indígenas. O Presidente já deu sinal verde e já fez comunicação pública. Estou trabalhando no caso com o governo e com a Karina, advogada pessoal dele; c) preparação do Portal”, disse Belmonte na mensagem obtida pela PF.
“Quanto aos indígenas, levei a proposta ao presidente. Foi pedido que eu prepare o decreto. Provavelmente ainda este ano começaremos a extração”, continuou.
No mesmo ano, enviou a seguinte mensagem para um contato chamado Samir: “Saindo agora de longas reuniões no Palácio do Planalto. A ideia de decreto para regulamentar à cata, faiscação e garimpagem está sendo muito bem recebida”.
O lobista mantinha contato com Alvaro Tukano, que se autodenominava líder indígena. Em uma mensagem, Tukano falou para Belmonte não se esquecer “de alimentar minha conta bancária”.