Em entrevista coletiva no Reino Unido, o presidente Lula afirmou neste sábado (6) que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “não tem compromisso com o Brasil”, e sim, “com aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação”.
O presidente disse, ainda, que Campos Neto tem compromisso com o ex-governo Jair Bolsonaro, “que o indicou”.
“Ele não tem nenhum compromisso comigo, tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação”, prosseguiu Lula.
Lula está na Inglaterra onde viajou para participara da solenidade de coroação de Charles III. O presidente retorna ao Brasil ainda neste sábado.
Lula declarou que “não bate” no Banco Central como instituição, mas sim, na política adotada pelo banco em relação à taxa de juros.
Na quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75%, patamar que está desde agosto de 2022. É a maior da taxa de juros do mundo em termos reais (ou seja, descontada a inflação de cada país).
Enquanto isso, empresários, parlamentares, economistas e trabalhadores criticam duramente a manutenção da taxa Selic nas alturas, prejudicando a produção.
Neste sábado, Lula também rebateu declarações recentes de Campos Neto, segundo as quais, para o país atingir a meta de inflação na casa dos 3%, teria que elevar os juros para algo próximo de 20%.
“Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Então, se eu como presidente não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável”, disse Lula.
De acordo com Lula, o BC tem autonomia, mas, por lei, tem também “compromisso com o crescimento econômico e com o aumento de salários, do poder aquisitivo do povo”.
“Se você tem compromisso com o crescimento da economia, compromisso com geração de emprego e compromisso com inflação, cuide dos três. Com juros a 13,75%, os outros dois não serão cumpridos”, afirmou.