O vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, afirmou que ficou “deprimido” com a entrevista que Luiz Inácio Lula da Silva concedeu da prisão aos jornais Folha de S. Paulo e El País por sua falta de autocrítica.
“Eu conheço o Lula. Ele é um encantador de serpentes, um enganador profissional. Não tem um companheiro com quem ele não tenha sido desleal ao longo da vida inteira, ele cultiva isso”, disse o pedetista, que foi candidato a presidente da República na eleição de 2018.
As declarações de Ciro foram dadas durante sua participação na reestréia do programa Provocações, da TV Cultura, agora apresentado por Marcelo Tas, na terça (14).
O pedetista ainda chamou Lula de “defunto eleitoral” e que o PT tem dificuldades para tratar com a situação de que ele está condenado e preso em Curitiba pela Lava Jato, no caso do triplex de Guarujá, litoral de São Paulo. “No PT todo mundo sabe que do ponto de vista eleitoral o Lula é carta fora do baralho. Como manejar este defunto eleitoral é muito delicado para todos eles. Ele fez uma lei que determina que num país com quatro graus de jurisdição, no 2º grau de condenação, você perde os direitos políticos. Ele está inelegível até fazer 90 anos”, observou.
De acordo com Ciro, caso Lula realmente se considerasse “preso político” deveria ter pedido asilo.
“A petezada amalucada não percebe a incongruência. Se eu sou acusado falsamente e ameaçado de prisão arbitrária e política, eu iria a uma embaixada pedir asilo e denunciar. Se Lula se acha um preso político, é a única saída. Sugeri isso”.
Sobre Bolsonaro, o ex-ministro e ex-governador do Ceará atribuiu a vitória dele à onda antipetista, aproveitando-se da facada que recebeu para não comparecer aos debates. “Significava que o mais tosco, simples e fácil de ser entendido como intérprete do antipetismo decolava. Era o Bolsonaro. Nenhum de nós, políticos, achava que ele se aguentava porque era muito vazio. Ninguém botava fé. Ele foi adiante por conta da facada, que deu a ele uma razão para não ir aos debates”, explicou.
Ciro enfatizou que não se arrepende de não ter feito campanha aberta e escancarada, como criticam os petistas, para Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial. Ciro criticou as gestões do PT e citou o desastre do governo Dilma como fator para não embarcar na candidatura petista.
“Era só olhar para as pesquisas. Para o bolsominion, o Bolsonaro pode andar pelado na rua e isso vai ser relativizado. Assim virou o fanático do PT. Só que eu já engoli merda em nome deles demais. Muita. Dilma 1 e Dilma 2, por exemplo. Se ninguém sabia, eu sabia que ela não tinha experiência de nada. E o Michel Temer eu denunciei que ele rouba há mais de 30 anos. O governo dela foi um desastre transcedental e o PT apaga”, criticou Ciro.