“Naquele dia 8 de janeiro, a violência e o ódio mostraram sua face mais absurda: o terror. Não foi um episódio nascido por geração espontânea, mas cultivado por sucessivas investidas contra o direito e a Constituição com o objetivo de sustentar um projeto autoritário de poder”, afirmou o presidente da República na solenidade de abertura do Supremo
O presidente Lula participou da cerimônia de abertura do Ano Judiciário, nesta quarta-feira (1), e fez discurso enaltecendo o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) na defesa da democracia e da punição dos terroristas envolvidos no atentado do dia 8 de janeiro.
“É nosso dever registrar o papel decisivo do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na defesa da sociedade brasileira contra o arbítrio”, disse.
A cerimônia aconteceu no Plenário do STF, sala que foi invadida e totalmente destruída pelos bolsonaristas que queriam dar um golpe de estado. Lula falou que se sentiu “profundamente indignado” quando visitou o prédio do STF após a expulsão dos terroristas.
“Sei que levarei essa indignação para o resto da minha vida, e sei que ela me fez redobrar a disposição de defender a democracia conquistada a duras penas pelo povo brasileiro”, afirmou.
O maior dano aconteceu contra o Palácio do Planalto, estimado em R$ 7,9 milhões. No STF, o estrago foi de R$ 5,9 milhões, enquanto no Congresso Nacional foi de R$ 6,5 milhões.
“Daqui desta sala, contra a qual se voltou o mais concentrado ódio dos agressores, partiram decisões corajosas e absolutamente necessárias para enfrentar e deter o retrocesso, o negacionismo e a violência política”, continuou Lula.
“Mais do que um plenário reconstruído, o que vejo aqui é o destemor de ministras e ministros na defesa de nossa Carta Magna. Vejo a disposição inabalável de trabalhar dia e noite para assegurar que não haja um milímetro de recuo em nossa democracia”, disse.
O presidente também comentou sobre a atuação do STF durante a pandemia, tendo obrigado o governo Bolsonaro a agir, enquanto ele preferia apostar na “imunidade de rebanho”, que causaria ainda mais mortes. Outro tema abordado foi o das ações da Corte no combate às fake news.
“Essa Corte atuou e continua atuando para identificar e responsabilizar por seus crimes aqueles que atentaram, de maneira selvagem, contra a vontade das urnas”, disse.
“Naquele dia 8 de janeiro, a violência e o ódio mostraram sua face mais absurda: o terror. Não foi um episódio nascido por geração espontânea, mas cultivado por sucessivas investidas contra o direito e a Constituição com o objetivo de sustentar um projeto autoritário de poder”, afirmou o presidente da República.
Lula defendeu a harmonia e o diálogo entre os Poderes para o enfrentamento dos problemas vividos pela população brasileira. “Nossos reais inimigos são outros: a fome, a desigualdade, a falta de oportunidades, o extremismo e a violência política, a destruição ambiental e a crise climática. Tenho certeza de que juntos vamos enfrentá-los”.
“Nunca mais alguém deve ousar duvidar da política desse país ou desacreditar na política. O que aconteceu nesse país foi resultado da descrença da política pelo povo brasileiro”, apontou.
“O Poder Executivo estará à disposição do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça para o diálogo e a construção de uma agenda institucional que aprimore a garantia e a materialização de direitos neste país, pois onde houver um só cidadão injustiçado não haverá verdadeira justiça”, assinalou.
“O povo brasileiro não quer conflitos entre as instituições. Não quer agressões, nem intimidações, nem o silêncio dos poderes constituídos. O povo brasileiro quer e precisa, isso sim, de muito trabalho, educação e esforços dos três poderes no sentido de reconstruir o Brasil”, assinalou Lula.