“Reunião institucional para distensionar os ânimos com a Corte”, disse Flávio Dino, que acompanhou o presidente eleito. “Estamos empenhados na construção de um futuro melhor para todos os brasileiros e brasileiras”, disse Lula mais cedo, em suas redes sociais
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (9) com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, na sede da Corte, em Brasília. Lula chegou ao prédio do STF pouco antes das 16h.
Esta é a primeira visita de Lula a Brasília desde que venceu Jair Bolsonaro (PL) na disputa eleitoral. Segundo noticiou o jornal O Globo, Lula aproveita o encontro com a ministra Rosa Weber e com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para mostrar que os conflitos ficaram no passado e que vai adotar uma postura conciliatória.
O encontro na cúpula do Judiciário ocorreu depois do encontro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Ele estava acompanhado do vice, Geraldo Alckmin e de senadores aliados.
Na entrada, o senador eleito Flávio Dino (PSB), que também participa do encontro com os ministros, ressaltou que essa é uma reunião institucional para “distensionar” os ânimos com Corte. “É um sinal político de que a era de ataques acabou”, disse Dino.
Com Lira a discussão se concentrou em formas de se resolver a garantia dos recursos para o enfrentamento emergencial da fome. Segundo relato do líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG), que participou do encontro de cerca de duas horas, se tratou do caminho que pode ser usado para a aprovação da PEC.
“O presidente Lula tem preferência pela PEC e agora Geraldo Alckmin, junto com Aloizio Mercadante, vão construir um caminho para detalhar o texto e apresentá-lo”, disse Lopes. Vice-presidente eleito, Alckmin é o coordenador da transição de governo.
Segundo o deputado poderia se retirar do teto de gastos todo o valor pago ao Bolsa Família, hoje em torno de 105 bilhões de reais. Seria possível ao próximo governo aumentar o investimento e manter o pagamento de 600 reais por família. Além disso, defende o deputado, isso abriria espaço para a recomposição de outros programas que foram cortados na atual proposta orçamentária.
“Você volta para o Orçamento e o relator vai ver o que tem disponível para melhorar a merenda escolar, compra de alimentos, dar aumento para o salário mínimo… com esses 105 bilhões que já estão no Orçamento”, disse Lopes, acrescentando que “se excepcionalizar alguns outros investimentos” já haveria recursos para retomar o Minha Casa, Minha Vida e obras paradas.
O custo para um reajuste do salário mínimo de 1,34% acima da inflação, como quer o governo de transição, gira em torno de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões. Uma possibilidade é que o furo no teto para fazer face ao aumento do mínimo seja condicionado à arrecadação de receitas extraordinárias, tornando o impacto fiscal zero para essa demanda.
Com Pacheco o assunto também esteve na pauta. Durante a campanha presidencial, Lula e Rodrigo Pacheco se encontraram em um almoço, porém o senador se manteve neutro nas eleições. O presidente do Senado prometeu ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que apoiará medidas para a liberação de gastos sociais.
Lula postou uma mensagem em seu twitter: “Estamos empenhados na construção de um futuro melhor para todos os brasileiros e brasileiras, com muita democracia. Hoje estou em Brasília. Bom dia”.
As reuniões desta quarta-feira em Brasília fazem parte de uma série de encontros com chefes de poderes, como parte da fase inicial do governo de transição. De Brasília, Lula embarca no fim da semana para o Egito onde participa da Conferência do Clima organizada pelas Nações Unidas (ONU), a COP 27.
Um dia antes, o vice-presidente eleito e coordenador-geral da transição, Geraldo Alckmin (PSB), também desembarcou em Brasília para dar continuidade às tratativas para a montagem da equipe que trabalhará na transição do governo Bolsonaro para o governo Lula. Os trabalhos acontecem no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), espaço destinado a abrigar a equipe que vai preparar as primeiras medidas a serem adotadas pelo governo do presidente eleito.
Alckmin deve participar também das discussões da equipe de Lula com parlamentares, para abrir espaço no Orçamento de 2023 capaz de bancar promessas do presidente eleito, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600.