Para o presidente da Petrobrás, a empresa “não pode fazer política pública”. “O que regula o preço é o mercado”, disse
O presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, disse que a estatal “não pode fazer política pública”, neste sábado (8), em entrevista divulgada ao Estadão/Broadcast, onde defendeu que a empresa deve seguir apenas os interesses do mercado, ou seja, dos acionistas privados – que na sua maioria são estrangeiros, especuladores, ligados ao cartel internacional do petróleo.
Segundo Silva e Luna, a estatal “tem responsabilidade social e procura cumpri-la, mas não pode fazer política pública. Ela coloca recursos nas mãos de quem pode fazer”. “O que regula o preço é o mercado, particularmente quando se trata de commodities. Essa percepção, nos níveis de decisão, acho que está consolidada. No nível de governo, dos três Poderes, isso já está bem consolidado”, declarou.
Para Joaquim Silva e Luna, os interesses dos acionistas privados da Petrobrás estão acima do povo. “Recebi perguntas de jornalistas se eu não tinha pena de aumentar o preço do gás quando sabia que o pobre estava queimando madeira. ‘Respondi: Claro que sim, aquilo que afeta a sociedade afeta a todos nós. Só que esse dinheiro é público, a empresa tem de prestar contas ao investidor’”, disse. Para ele, o dinheiro público tem que favorecer o acionista privado e não o público, o povo.
O governo, embora acionário majoritário da Petrobrás, não interferiu na absurda escalada dos preços dos combustíveis, que é o principal vilão para a alta da inflação em 2021. Atualmente, por opção do próprio governo, os preços dos produtos da Petrobrás são atrelados ao dólar e a especulação do petróleo no mercado internacional.
Em 2021, o preço médio da gasolina acumulou alta de 46% nos postos do país segundo levantamento divulgado nesta semana (3) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O levantamento semanal apontou que o preço médio do litro do combustível passou de R$ 4,517, entre 27/12/2020 a 02/01/2021, para R$ 6,618, entre 26/12/2021 a 01/01/2022.
A ANP também apontou que o diesel avançou 45% no acumulado de 2021. O valor médio do litro do produto foi de R$ 3,675 para R$ 5,336.
O etanol, por sua vez, registrou alta de 58% no mesmo período analisado. O preço do combustível foi de R$ 3,180 para R$ 5,063.
Já o preço médio do gás de cozinha chegou aos 36%. O preço médio do gás de cozinha de 13kg passou de R$ 75,29 para R$ 102, 28.
No entanto, durante o ano, o botijão chegou a custar R$ 140 nos postos de distribuição. Diante desse fato trágico, famílias têm que recorrer a lenha ou carvão para cozinhar – o que tem levado ao aumento de pacientes em hospitais com queimaduras graves.