
JAVIER ANTONIO VIVAS SANTANA*
Depois do “processo” eleitoral presidencial, que esteve viciado em todas as suas etapas, desde sua convocação até sua totalização, e com uma participação de votos válidos que apenas superou os 8 milhões de votos¹, e onde o candidato “vencedor”, ou seja, o presidente “reeleito”, apenas superou os 5 milhões² de sufrágios, 40% menos dos que obteve em 2013 e com um número de eleitores inferior em 20% em relação a 2018, fica em evidência que o madurismo foi o grande derrotado do processo, porque entre a abstenção com mais de 50%, e os votos que teve contra, com Falcón e Bertucci somando outros 25% do eleitorado, Maduro tentará governar “ganhando” uma eleição com 25% do eleitorado.
Nicolás Maduro foi o grande derrotado. Ficaram atrás os “resultados” de uma “constituinte” com 8 milhões de votos em 2017, que se assumimos tais cifras como certas, também resulta evidente que foi revogada inclusive por seus próprios partidários. Ou seja, essa “constituinte”, como Maduro, ficou sem nenhum tipo de respaldo popular. Não podem dizer os maduristas que conquistaram uma vitória. Isso é uma profunda derrota. O povo disse ao madurismo que essa votação representa uma diminuída maquinaria. Uma “maquinaria” que apesar da compra de consciência, a chantagem política, e inclusive até empregar a fome como estratégia política, de nada lhes serviu para tentar conquistar os ansiados 10 milhões de votos, que sequer puderam conseguir na participação total.
Que não venha Maduro com prostituída semântica política. É bazófia falar que ganhou com 68% dos votos. Aqui a única verdade é que 70% do povo rechaça seu governo, bem porque decidiu não participar, ou bem porque o castigou com o voto. Assim não há diálogo que valha. Sua estrutura e apoio político ficaram sumamente golpeados. Maduro tentou por todos os meios se legitimar com esta “eleição”, e se algo conseguiu que lhe saísse mal foram os resultados, porque o deixaram nu como um governante sem apoio do povo, além de sua claque, panegíricos e enroladores.
O país atravessa a hiperinflação, a queda do crescimento econômico, escassez de alimentos e medicamentos, colapso dos serviços públicos, diminuição sustentada da produção petroleira, contrabando, delinquência, corrupção, e sobretudo uma quebra moral e ética na condução do Estado. A Venezuela está destruída em toda sua concepção democrática e constitucional por um governo que tem destruído por completo o tecido político e social. É tal o nível de destruição no seio da população, que tanto o estudo como o trabalho como pilares fundamentais para a conquista do desenvolvimento socioeconômico, ficaram em segundo plano. Nossos jovens emigram buscando em outras latitudes o que o madurismo lhes nega em seu próprio país.
Tem sido um tremendo golpe eleitoral o que o madurismo diz ser a seu “favor”. Em termos reais, a soma dos votos de todos os candidatos, apenas se supera os votos de um só candidato presidencial nos resultados de 2013. Tudo o que tente dizer o madurismo para tratar de fazer ver este “triunfo” como uma “significativa vitória” é conto do vigário.
Maduro não poderá governar com 25% do eleitorado, e principalmente se tenta impor uma “nova constituição” ou o chamado “Estado comunal” com semelhante base popular, porque é simples, o povo o rechaça em toda a sua dimensão política. A Venezuela não quer Maduro como presidente da República, e ele sabe perfeitamente que em eleições limpas e transparentes sua derrota está cantada.
Chegou a hora de união dos setores antimaduristas sem mesquinharia e colocando o país para frente ante a grave crise que confrontamos. Maduro ficou sem base popular. Seus dias em Miraflores estão em conta regressiva, e isso inclui a ilegal e ilegítima “constituinte”, que também deve finalizar de imediato suas decisões equivocadas. Maduro não poderá governar com 70% do país contra. Essa é a realidade. Quem tenha olhos que veja.
*Mestre em Ciências Sociais e Língua e Doutor em Educação, professor da Missão Sucre
O artigo foi escrito quando a apuração estava em andamento. Atualizamos abaixo as informações:
¹ Número da primeira divulgação do Conselho Nacional Eleitoral. O resultado final ficou em 9 milhões.
² O resultado final deu 6 milhões.
³ A percentagem ficou em 30%.