“Problema é o Brasil não crescer! Aqui, quando se fala em crescer, o mercado quer juros mais altos. Só isso que eles querem. Tá na hora do mercado acabar com essa crítica de que crescer é ruim”, denuncia o parlamentar e economista
O economista e deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT-CE) afirmou que o Brasil deve abandonar a ideia do mercado financeiro de que o crescimento deve ser limitado por juros altos e defendeu políticas de desenvolvimento econômico.
“O Brasil crescer virou problema. Problema é o Brasil não crescer! Aqui, quando se fala em crescer, o mercado quer juros mais altos. Só isso que eles querem. Tá na hora do mercado acabar com essa crítica de que crescer é ruim”, falou o parlamentar em entrevista ao programa Expressão Nacional, da Câmara dos Deputados.
Para alguns setores do mercado financeiro, o crescimento econômico do Brasil é um incômodo. Precisamos acabar com esse equívoco de associar crescimento à alta dos juros. O crescimento econômico de um país precisa e deve estar atrelado à diminuição da desigualdade social. pic.twitter.com/YgjEMwpumL
— Mauro Benevides Filho (@mauro_bfilho) December 6, 2024
Para Mauro Benevides Filho, devíamos “estar tomando medidas para induzir o crescimento, para aumentar a produção e fazer face a esse aumento de demanda que está havendo. Mas não existe discussão sobre isso”.
O economista contou que a taxa de juros é definida por “150 pessoas que se reúnem, todos do sistema financeiro, e dizem ‘olha, minha expectativa é tanto’”. O Banco Central definiu na reunião do Copom de 6 de novembro um segundo aumento consecutivo nos juros, deixando a taxa Selic em 11,25% ao ano.
Enquanto isso, o governo Lula, por esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou cortes de gastos para os próximos anos.
O mercado financeiro e o câmbio são voláteis. Existem muitas razões pelas quais podemos justificar o aumento ou a queda no preço do dólar. Na atual conjuntura econômica brasileira, entretanto, não há como justificar as oscilações que estamos acompanhando aqui no país. pic.twitter.com/4yPvrheVgc
— Mauro Benevides Filho (@mauro_bfilho) December 5, 2024
Benevides destacou que “a maior despesa é o juro: R$ 900 bilhões!”. Ele denunciou que essa é “a taxa de juros mais alta do mundo”, mas “essa despesa financeira o Congresso Nacional não tem coragem, ainda, de discutir”.
Os defensores dos juros altos alegam que essa política pode conter a inflação. Benevides lembrou que “muitas vezes a inflação cresce por preços administrados, o que não tem nada a ver com a demanda”, e “você não controla com juros a inflação de preços administrados”.
É o caso do preço da energia, que subiu por conta dos “três meses na bandeira vermelha, e isso reflete no custo de produção e aumenta a inflação”.
O deputado do PDT também denuncia que “não faz o menor sentido” a cotação do dólar estar em R$ 6.
“O Brasil tem R$ 360 bilhões de dólares em reserva cambial, mas só precisa, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que é o órgão mais conservador, ter R$ 230 bilhões. Tem R$ 130 bilhões a mais”, explicou.
“O Brasil tem superávit na balança comercial que entra todo ano R$ 80 bilhões de dólares a mais. E a sua dívida pública só tem 6% indexado ao dólar, então não tem risco nenhum”, continuou.
O economista disse não haver “razão técnica macroeconômica para justificar esse dólar”.