Esta “pérola” foi dita contra a candidata Tabata Amaral (PSB), nesta segunda-feira (30), em debate na disputa à Prefeitura de São Paulo.
Em debate promovido pelo jornal Folha/UOL, na manhã desta segunda-feira (30), o candidato do PRTB Pablo Marçal fez, mais uma vez, declaração machista e misógina, em resposta à candidata do PSB, Tabata Amaral.
“Tabata, se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. A mulher não vota em mulher, mulher é inteligente”, desferiu, sem se ruborizar, o candidato que foi condenado por furto qualificado.
A fala mais agressiva em relação às mulheres do candidato surgiu justamente em debate em que apresentadora e bancada de jornalistas, formada exclusivamente por profissionais mulheres.
Fabíola Cidral, do UOL, foi a mediadora e as jornalistas Raquel Landim e Thais Bilenky, do UOL, e Júlia Barbon e Ana Luiza Albuquerque, da Folha, foram escaladas para o segundo bloco, em que os candidatos deveriam responder perguntas das entrevistadoras.
O último debate, do primeiro turno, entre os candidatos vai ocorrer na próxima quinta-feira (3) e vai ser realizado pela Rede Globo.
TOM DE FARSANTE
A resposta a Tabata, de Pablo Marçal, representou mudança de tom no debate, que experimentou o formato de banco de tempo. Os candidatos começaram o debate, cada um, com 20 minutos de tempo, devendo usar no máximo 5 minutos por resposta.
Os candidatos poderiam, então, pedir a palavra a qualquer momento para responder perguntas dirigidas a outros candidatos ou fazer réplicas.
O debate esquentou quando Tabata, única candidata convidada para o debate apenas na semana passada, por ter garantido o quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto, interferiu numa discussão entre o candidato Ricardo Nunes e Pablo Marçal sobre religião, em que o candidato do MDB afirmou que Marçal estaria instrumentalizando a fé para vender imagem ao eleitor.
FORMATO
O embate entre Marçal e Nunes em torno da religião se deu a partir de troca de acusações sobre quem seria mais cristão. Em resposta a Marçal, que disse “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo seu propósito”, Nunes acusou o ex-coach de mentir sobre apoios de pastores.
“Pablo Henrique, essa coisa de querer falar de religião é muito ruim. Sabe o que fica feio pra você? Você ir lá na Assembleia de Deus, falar com um grande líder, e depois ficar postando que ele apoia você e não te apoia. Ficar mentindo, isso é ruim”, afirmou Nunes.
Tabata pediu a palavra para falar: “Sabe por que eu não fico esbravejando sobre a minha fé? Porque eu não preciso. E eu realmente não acho que essa instrumentalização da fé, ela é boa nem pra nós cristãos, nem pro que tá acontecendo”.
ATAQUE MACHISTA
O ataque machista do candidato do PRTB aprofunda um dos principais problemas da campanha de Marçal, que é a altíssima rejeição entre mulheres do candidato, que é superior a 50%, segundo o Datafolha.
Antes do ataque, Marçal havia falsamente elogiado a candidata do PSB – Tábata Amaral – como a mais “inteligente” e até convidado a postulante à Prefeitura para ser a secretária de Educação, em caso de vitória dele. Claro que isso não passou de provocação.
O candidato do PSol, Guilherme Boulos, foi o único dos candidatos a se solidarizar com Tabata, e classificou a fala de Marçal como “preconceituosa”.
“É triste ouvir isso de quem quer governar a maior cidade do Brasil”, afirmou. O deputado disse que o candidato do PRTB tentou “forçar mais uma fake news”, que queria deixar para a reta final da campanha, mas “foi desmascarado ao vivo”. “Não vou ficar em bate-boca com um cidadão desse”, completou.
PROVOCAÇÕES E MENTIRAS
Boulos, pressionado por provocação de Marçal, que acusa o deputado federal de ser usuário de cocaína desde os primeiros debates e diz ter dossiê sobre internação que comprova a acusação, disse que teve internação psiquiátrica por depressão na adolescência.
O candidato do PSol centrou as críticas ao prefeito Ricardo Nunes pelas mudanças de posição em relação à vacina da covid e pelas denúncias sobre a máfia das creches. “Comigo nunca teve e nunca vai ter benefício para ninguém”, disse Nunes, afirmando que Boulos iria ficar “igual ao Marçal, com título de mentiroso”.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Ao final do debate, Nunes que gastou muito tempo do banco de minutos nos primeiros blocos, se esquivou de responder os questionamentos de Boulos e Marçal sobre o suposto episódio de violência doméstica, de acordo com boletim de ocorrência registrado contra ele em 2011 pela mulher dele, Regina Carnovale Nunes.
Boulos afirmou que Nunes precisaria se explicar sobre agressão à mulher dele.
Marçal, no entanto, dedicou seus minutos restantes a fazer a mesma pergunta sobre o fato de a mulher de Nunes ter registrado o BO (Boletim de Ocorrência).
Nunes negou a agressão e mencionou a Marçal a agressão do assessor do ex-coach contra marqueteiro Duda Lima, da campanha do emedebista: “O que tem de verdade é que o rapaz que agrediu o Duda Lima armou briga, rasgou a camisa para dizer que foi agredido”.
M. V.