O governador de São Paulo, Márcio França, reuniu-se na terça-feira (29) com lideranças de caminhoneiros do estado para resolver pendências finais nas reivindicações feitas ao governo federal durante a greve da categoria. O Brasil inteiro apoiou a greve dos caminhoneiros provocada pela política tresloucada de Pedro Parente de cobrar pelos combustíveis um preço acima do que é cobrado internacionalmente e de atrelar o seu reajuste ao dólar. O que aconteceu é que em um mês, entre 22 de abril e 22 de maio, o preço subiu 18% na bomba.
De acordo com o governador, o que foi negociado até aqui ainda não foi suficiente para assegurar o fim imediato da paralisação. Segundo ele, faltam alguns detalhes para que as estradas sejam totalmente liberadas. França disse que ligaria na noite de ontem para o presidente Michel Temer para negociar a garantia oficial da fixação do frete e a suspensão das multas aplicadas aos caminhoneiros.
Ele disse que se essas questões forem esclarecidas, as coisas se normalizarão nos próximos dias. “As informações que nós temos é a que eles mesmo deram. Eles acham que precisa de 15 dias, sendo que a primeira semana eles abastecem as grandes cidades, mas tem outras consequências. Tem animais que faleceram, enfim tem diversas outras coisas que vão ter consequências mais para frente. Isso não acaba tão rápido assim, mas o grosso do problema, acho que em quatro ou cinco dias a gente consegue recuperar e colocar as coisas no lugar”, disse França.
“Eles [caminhoneiros] dizem que aceitam [o acordo discutido com o governo] mas só após saírem publicadas no ‘Diário Oficial’ as medidas que foram negociadas aqui”, disse José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das entidades que não tinham assinado o acordo na quinta-feira (24). “Saiu no ‘Diário Oficial’, a nossa recomendação é que aceitem [as propostas e liberem as estradas]”, afirmou Carlos Alberto Litti Dahmer, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) de Ijuí (RS).
José Cícero Rodrigues, diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), afirmou que, enquanto a Petrobrás não se manifestar de forma a garantir que o preço do óleo diesel não voltará a ter aumentos consecutivos, os caminhoneiros continuarão insatisfeitos. Parente insiste em manter reajustes diários nos combustíveis atrelando os preços internos ao dólar e ao preço internacional do petróleo. A medida anunciada, de reajustes mensais, conquistada com a greve, pressiona no sentido de derrubar a política de Parente, mas ele faz exigências de repasses do Tesouro. Segundo especialistas, ao preço atual, a taxa de lucro da empresa está em 150%.
As lideranças consideram que “o movimento foi vitorioso. Queríamos a redução do preço do diesel e a suspensão da política de reajustes diários. Conquistamos um desconto de R$ 0,46 sobre o valor em que o diesel estava na bomba no domingo (19), a suspensão por 60 dias de novos aumentos e um espaço entre eventuais reajustes de pelo menos 30 dias. Queríamos e conquistamos o piso mínimo de fretes e 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para os caminhoneiros autônomos. Outra reivindicação histórica, também alcançada, foi a isenção de cobra nça de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios”.
“Está contemplado”, afirmaram as lideranças, dizendo que a condição é a publicação no Diário Oficial. Sobre os grupos que estão aproveitando o movimento para ficarem se esgoelando e pedindo uma “intervenção militar”, os caminhoneiros dizem que eles não representam a categoria e estão atrapalhando a luta. Os sindicalistas denunciaram que eles estão fazendo ameaças contra os caminhoneiros para que não suspendam a greve: “Não vamos aceitar que coloquem nossas conquistas em risco e prejudiquem a população que tanto nos apoiou. Já está na hora de parar”.
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