O Mato Grosso lidera um triste ranking: o de queimadas no Brasil, com 21 mil focos detectados, um aumento de 50 mil casos em comparação ao mesmo período do ano passado. Somente em agosto, foram 13,6 mil focos, índice que superou o registrado de janeiro a julho deste ano. Foi o maior índice para este mês nos últimos dez anos no estado.
Os dados são do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estado decretou emergência devido à seca severa e aos incêndios florestais. Na capital Cuiabá não chove há, pelo menos, 130 dias. Na última sexta (30), o Governo de Mato Grosso declarou emergência no estado. A medida é válida por 180 dias. A seca e os incêndios florestais atingem diversas regiões do estado, especialmente o Pantanal e até o momento dois brigadistas morreram combatendo fogo na região em um intervalo de três dias.
De acordo com o levantamento do BDQueimadas, agosto também foi o 5° mês, neste ano, que MT liderou a lista de estados com mais focos de incêndio. Em razão do alarmante índice de queimadas, MT teve, somente neste mês de agosto, mais de 1,6 milhão de hectares atingidos e destruídos pelo fogo, segundo um estudo feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base nas pesquisas da Administração Nacional dos Estados Unidos de Aeronáutica e Espaço (Nasa). O acumulado do ano todo foi de cerca de 3 milhões de área atingida em todo o estado mato-grossense.
O Pará, aparece na segunda posição, seguido do Amazonas e Mato Grosso do Sul. Já São Paulo acumula 5.300 focos de incêndio. No total, o aumento é de 380% em relação a 2023, que teve 1.100 casos. Além disso, essas regiões enfrentam, em 2024, a pior seca dos últimos 44 anos.
Nos 26 estados e no Distrito Federal, do início do ano até sexta-feira (30), foram contabilizados mais de 123 mil focos de queimadas, segundo o Inpe. A Amazônia (61.011 focos) foi o bioma mais devastado no país. Na lista, o Cerrado (38.676) ficou em segundo lugar e a Mata Atlântica (11.552) em terceiro.
A estiagem chegou mais cedo e está mais intensa. Com isso, a previsão é que o início da estação chuvosa vai demorar, principalmente nos rios da Amazônia. A diretora interina do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Regina Alvalá, manifestou que os dados são preocupantes.
Durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em Brasília nos dias 30, 31 de julho e 1 de agosto últimos, apontou-se para a necessidade de incorporação de evidências científicas nos processos decisórios de todos os níveis governamentais e de poderes, na formulação de políticas públicas, com especial atenção aos planos da esfera municipal para o enfrentamento de eventos climáticos extremos.
No encontro, a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Flávia Costa, destacou como a extensão e a intensidade das secas estão levando fogo para áreas onde as queimadas não eram comuns em localidades da Amazônia, com implicações à saúde das populações. Ressaltou ainda que a seca também é uma tipologia de desastre.
O Governo do presidente Lula tem realizado esforços no sentido de recompor a política para o meio ambiente desmontada pela desastrosa gestão de Jair Bolsonaro. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), “foram disponibilizados pela atual gestão R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para os Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amazônia Legal. O governo federal também busca soluções conjuntas para o Projeto de Lei nº 1818/22, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A iniciativa reforçará a prevenção de incêndios florestais no país”, disse a pasta, em nota.
O MMA também destacou as ações do atual governo para o gerenciamento de riscos de incêndios. “O MMA finalizou proposta para melhorar a capacidade de gestão de risco de incêndios, com aumento de recursos, desburocratização de contratações (serviços, equipamentos e brigadistas) e ampliação da coordenação com os Corpos de Bombeiros dos Estados da Amazônia e do Pantanal”.