
Nem bem faleceu, já se encontra em adiantado estágio a campanha de beatificação do belicista e senador John McCain, que acaba de receber o endosso da Lockheed, a fabricante do avião mais caro do mundo, o F-35, que prestou copiosa homenagem ao antigo criminoso de guerra no Vietnã, que depois fez uma carreira política que culminou na candidatura à presidência dos EUA em 2008 e que, quase até o último suspiro, foi chefe do Comitê de Assuntos Armados do Senado. McCain morreu aos 81 anos em decorrência de um câncer de cérebro.
Apesar de toda a apologia a seu “caráter”, nada revela tanto sobre isso quanto sua insistência em mentir se dizendo “torturado” no Vietnã. Na verdade, ele deve sua vida aos militares vietnamitas, que o salvaram do linchamento por uma enfurecida multidão, quando seu avião foi derrubado em 1967. Diariamente, gente como McCain matava crianças, mulheres e velhos, destruía escolas, pontes, hospitais, plantações, na tentativa de manter a ocupação colonial sobre a Indochina e o ditador fantoche do sul.
O antigo diretor da prisão onde ficou detido – conhecida como o “Hanói Hilton”-, Tran Tong Duyet, de 85 anos, em entrevista à France Presse em janeiro, relatou “as conversas intensas” com McCain, que tratava como “Cai”. “Bombardear o Vietnã foi um crime dos Estados Unidos, apoiar o regime de Saigon foi um erro, mas ele não iria admitir isso”.
Embora soubessem que ele era “o filho de uma família respeitável” – comandante da Marinha dos EUA no Pacífico -, “não recebeu nenhum tratamento especial”, registrou Duyet, que hoje vive em um modesto quarto em Haiphong.
Duyet negou a prática de tortura: “os prisioneiros eram importantes para nós, poderíamos usá-los nas negociações com os Estados Unidos”. E é conhecida a ojeriza dos comunistas a esta excrescência.
Na realidade, a acusação assacada contra as vítimas da agressão norte-americana não passava de projeção do que os Dan Mitriones da vida andavam aprontando no mundo inteiro, ensinando tortura, torturando eles próprios, supervisionando a tortura aos ‘discípulos’. Da parte de McCain, tratou-se da recusa em encarar de frente que os bombardeios que cometeu, matando indefesos civis vietnamitas, não passavam de crimes contra a Humanidade.
Ao final, acabou assinando, no ato de soltura em 1973, uma “confissão”, que se tornou um fantasma de seu passado. Na entrevista, o otimista Duyet chegou a lamentar que McCain não houvesse sido eleito presidente dos EUA, avaliando que “teria sido positivo para o Vietnã, já que o Vietnã salvou sua vida”.
Posteriormente, McCain também reclamou em uma biografia do “tratamento insuficiente” no hospital, como se a situação dos hospitais vietnamitas, sob bombardeio e bloqueio ao país, não fosse decorrência exatamente da agressão ianque. Seguramente, foi esse tratamento que salvou a vida do ingrato.
Ao longo da vida, jamais deixou de ser um conspirador feroz contra os povos. Foi com a subsecretária de Estado Victoria Nuland, participar em pessoa do golpe de estado na Praça Maidan, na Ucrânia, que levou ao poder neonazistas e corruptos, e era um maníaco do cerco à Rússia.
Outro momento particularmente baixo de sua trajetória é aquela foto em que é visto reunido com altos chefes dos terroristas na Síria – inclusive um elemento que depois ficaria conhecido por Al Bagdhadi, califa do Estado Islâmico. No meio milhão de mortos na Síria, e milhões de refugiados, há o dedo podre de McCain.
Como chefe do Comitê de Serviços Armados do Senado, sempre trabalhou para garantir aquela montanha de dólares para o Pentágono e para as encomendas que fazem a alegria do cartel bélico. Coerentemente, votou a favor da Guerra do Iraque, embora quando explodiu o escândalo de Abu Graib não quis endossar a lambança.
O sentido adeus da Lockheed ao seu lobista McCain pegou mal nas redes sociais. Um internauta postou que, quando morrer, se um cartel bélico fizer um elogio póstumo, “vocês têm minha minha autorização para cuspir no meu cadáver e jogar aos cães selvagens”.
A.P.
Ciro com Kátia Abreu, ministra da anta entreguista, péssimo!