A segunda fase do inquérito sorológico realizado pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Paulo apontou que o uso de máscara e as medidas de distanciamento social estão sendo eficazes para diminuir os níveis de transmissão da Covid-19 na capital paulista. Os dados foram divulgados na terça-feira (28).
O inquérito sorológico mostra que há mais infecção pelo coronavírus entre as pessoas que não usam máscaras em locais públicos com frequência. Após as testagens, apenas 9% das pessoas que declararam usar máscara sempre testaram positivo, contra 21,8% de pessoas que declaram usar o item de proteção na maioria das vezes e 30,5% das pessoas que disseram usar de vez em quando.
“O uso da máscara é absolutamente imprescindível na contenção da transmissibilidade da doença. A adesão ao uso da máscara é um fator de redução da transmissibilidade bastante significativo”, afirmou o secretário de Saúde Edson Aparecido.
O inquérito sorológico mostra que as pessoas que não respeitaram o isolamento social tiveram maior probabilidade de se infectar com o vírus. Enquanto as incidências de contaminação ficaram em 8,5% em quem respeitou o distanciamento e a quarentena imposta pelas autoridades na capital, o índice de quem não respeitou o isolamento ficou em 25,2%. Entre os indivíduos que cumpriram as recomendações parcialmente a percentagem de contágio ficou em 18,4%.
Ou seja, segundo o inquérito da Prefeitura, um quarto dos que não respeitaram o isolamento apresentaram teste positivo para a Covid-19.
“O que o inquérito apontou é que temos 40% das pessoas que já tiveram contato estão imunes e não apresentaram nenhum sintoma” disse o Secretário de Saúde do município.
O exame sorológico usado na pesquisa avalia a presença de anticorpos para a Covid-19 em moradores sorteados aleatoriamente a partir da base de dados do IPTU de 2020, dos hidrômetros de 2017 e do programa Estratégia Saúde da Família (ESF). São selecionados 12 indivíduos para cada área de abrangências das 472 UBS da cidade e a amostra é coletada em domicílio.
Nesta segunda fase do inquérito, foram sorteados 5.760 domicílios, nos quais foram feitas 2.328 coletas até 20 de julho. “O objetivo do inquérito é conhecer a situação sorológica da população e direcionar as estratégias para os casos suscetíveis”, destacou o secretário.
De acordo com os novos resultados, 11,1% dos moradores da cidade contraíram o novo coronavírus, o que representa 1,32 milhão de pessoas. Oficialmente, segundo dados do governo do Estado, a cidade tem 182.027 casos confirmados da doença, número sete vezes menor do que o levantado pelo inquérito.
“A proporção estimada de indivíduos assintomáticos entre aqueles que apresentaram positivo é de 39,7%. Esse é um número bastante expressivo de pessoas que testaram positivo e declararam que não tiveram nenhum sintoma da doença”, justificou o secretário.
Diferentemente de etapas anteriores, desta vez a prevalência dos casos foi na população com mais de 65 anos, que representam 13,9% dos casos, seguido das pessoas de 18 a 34 anos, com 12,6%, e de 35 a 49, com 12,3%. Na fase 1, os idosos representavam 5,1% dos casos.
“Isso vai requerer uma estratégia específica em relação aos idosos. O que pode apontar que membros da família que saíram de casa possam ter se contaminado e trazido a doença para os idosos que ficaram em casa”, declarou Aparecido.
A etapa anterior do estudo, com dados até 6 de julho, apontava contaminação de 9,8% dos moradores da população. Os principais fatores associados à doença seguem relacionados à pobreza e vulnerabilidade social, como baixa escolaridade, menor renda e maior número de moradores em um mesmo domicílio.
“O perfil sócio demográfico mais suscetível [vulnerável] à infecção pelo Sars-Cov-2 permanece sendo: Raça/ cor preta e parda, menor instrução e menor renda mensal”, diz um trecho da conclusão do inquérito conduzido pela Prefeitura.
“O vírus está jogando luz sobre a desigualdade que nós temos na cidade de São Paulo. É quatro vezes maior a incidência do coronavírus na classe D do que na classe A. Quem é mais pobre tem mais chance de pegar o vírus. É mais do que o dobro a incidência do vírus sobre quem tem somente ensino fundamental quando comparado a quem tem ensino superior. E a questão da desigualdade racial. Quem é da cor preta ou parda tem 60% mais chance de pegar o vírus na cidade do que quem é de cor branca”, destacou Covas.
Segundo o inquérito, a prevalência é em pessoas com até o ensino fundamental completo (16,4%), da cor parda e preta (14,1%), da classe E (17,7%), que moram com ao menos outros quatro indivíduos (11,7%) e que não fazem distanciamento social (25,2%). A prevalência em quem fez isolamento social é de 8,5%.
A maior proporção de casos é entre desempregados (15,1%) e pessoas que trabalham fora de forma presencial (14,3%). Além disso, constatou-se que 39,7% são assintomáticos, enquanto 60,3% apresentaram sintomas da Covid-19.
Veja o vídeo sobre a pesquisa: