A polêmica surgiu com a denúncia de que ele foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão pelos crimes de furto qualificado, associação criminosa e quebra de sigilo de instituições financeiras
Uma intensa discussão está ocorrendo no Brasil atualmente sobre a possibilidade de um bandido condenado poder concorrer ou não em eleições no país. O assunto veio à tona após as denúncias de que Pablo Marçal, que concorre à prefeitura de São Paulo, foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão pelos crimes de furto qualificado, associação criminosa e quebra de sigilo de instituições financeiras.
Os criminosos roubavam dados e informações das vítimas e, ainda, “infectavam” computadores e dispositivos digitais com programas conhecidos como “cavalos de Troia”. O candidato tentou esconder o crime, mas, cercado, admitiu que participava da quadrilha. Ele teve que admitir até porque a sentença de 4 anos e 5 meses de prisão está na internet. O chefe do bando confirmou a participação de Marçal na quadrilha e, quando ele foi preso, entregou os nomes de seus comparsas.
O ex-coach, que usava na quadrilha o codinome de “Delegado Federal”, foi preso pela Polícia Federal e condenado em primeira instância a quatro anos e cinco meses de prisão por furto qualificado, em abril de 2010. Na organização criminosa ele era responsável por capturar e-mails de pessoas que seriam vítimas de golpes financeiros. Áudios obtidos pela PF mostraram Marçal agindo para roubar os e-mails das vítimas. Ele teria recorrido em liberdade e obteve a prescrição da pena.
Num dos áudios, Marçal conversa com o chefe da quadrilha, Danilo Oliveira, que também era pastor de uma igreja evangélica. Os bandidos falam em captura de e-mails para que golpistas pudesse agir. No áudio, o chefe da quadrilha repreende Marçal pelo uso do apelido “Delegado Federal” em conversas de MSN Messenger. “Tira essa porra daí”, diz o chefe do bando ao novo integrante da quadrilha.
Juristas consultados pelo HP avaliam que a perda dos direitos políticos se dá com a condenação definitiva do réu. No caso, mesmo tendo sido preso em flagrante e condenado na Justiça Federal de Goiás, o criminoso em questão recorreu e conseguiu adiar a condenação definitiva até a sua prescrição. Atualmente, o ex-coach é alvo de inquéritos da Polícia Federal (PF), da Polícia Civil de Piquete (SP), e tem abertas contra ele 22 ações na Justiça Eleitoral.
Marçal é investigado ainda pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de capitais nas eleições de 2022, quando lançou sua candidatura ao Planalto. A PF suspeita que o meliante e seu sócio Marcos Oliveira tenham feito doações de R$ 1,7 milhão à campanha e gastado o dinheiro com serviços de suas próprias empresas. O caso tramita em sigilo.
Ele foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em meio a disputas pela liderança do PROS, sua sigla na época. Depois disso, ele concorreu a uma vaga na Câmara, mas teve o registro indeferido após o pleito. A PF chegou a cumprir diligências na casa do estelionatário em julho do ano passado. Marçal rebateu em suas redes sociais, afirmando que era vítima de “perseguição política”.
O falsário é investigado também pela Polícia Civil por colocar em risco a vida de 32 pessoas em uma expedição ao Pico dos Marins, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, em janeiro de 2022. O grupo liderado por ele foi resgatado pelos bombeiros, após a incursão na montanha de 2.420 metros de altitude – mesmo com o alerta da Defesa Civil sobre as más condições meteorológicas naquela ocasião. Depois da captura de e-mails, ele passou a ganhar dinheiro com outras “aventuras” como esta.
A ficha criminal não para por aí. Marçal é cobrado na Justiça por uma fraude durante uma entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan. Na ocasião, o estelionatário disse que pagaria US$ 1 milhão para a pessoa que encontrasse algum processo movido por ele, independentemente de pessoa física ou pessoa jurídica.
Um advogado encontrou nove processos e um habeas corpus de autoria do ex-coach, e cobra na Justiça quantia de cerca de R$ 51 milhões do pré-candidato. Em uma palestra, Marçal chamou a atitude do advogado de o “ápice do fracassado” e, em nota na época, disse que não vai propor “qualquer negociação ou acordo”. O caso segue na 2ª Vara Cível de Barueri.
Embora não cite nominalmente Marçal, uma ação destravada pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode acabar com a candidatura do ex-coach. A ação é movida por Aldineia Fidelix, viúva de Levy Fidelix, ex-presidente do PRTB, que alega que Leonardo Avalanche, atual presidente nacional da sigla, desrespeitou um acordo que havia sido acertado em fevereiro para definir a divisão de poder dentro do partido após a morte de Levy.
Segundo a autora da ação, Avalanche manteve uma comissão provisória alinhada a ele que chancelou o nome de Marçal como candidato da sigla, ato que pode ser cancelado se a viúva vencer o processo. A ministra pediu que o Ministério Público Eleitoral dê um parecer sobre o caso e determinou que Avalanche se manifeste em três dias.
Recentemente foram divulgados áudios detalhando a ação de Marçal na quadrilha de golpes bancários em Goiás. Ele foi preso na Operação Pégasus, que desmantelou a maior quadrilha brasileira especializada em invadir contas bancárias por meio da internet.
Num dos áudios, Marçal conversa com o chefe da quadrilha, Danilo Oliveira, que também era pastor de uma igreja evangélica. Os bandidos falam em captura de e-mails para que golpistas pudesse agir. No áudio, o chefe da quadrilha repreende Marçal pelo uso do apelido “Delegado Federal” em conversas de MSN Messenger. “Tira essa porra daí”, diz o chefe do bando ao novo integrante da quadrilha.
As gravações obtidas também indicam que Pablo Marçal ficou apavorado com as primeiras prisões que atingiram o grupo criminoso, na Operação Pégasus, deflagrada em agosto de 2005.
Em 31 de agosto de 2005, ele foi preso em casa pela Polícia Federal e condenado em primeira instância a quatro anos e cinco meses de prisão por furto qualificado, em abril de 2010. Durante a prisão, ele dedurou seus comparsas.
Na cadeia, Marçal explicou como funcionava o esquema criminoso. O coach captava endereços de e-mail para que a quadrilha enviasse mensagens com o intuito de capturar os dados bancários dos usuários.
TRANSCRIÇÃO DOS ÁUDIOS ENTRE OS BANDIDOS
Em 3 de agosto, Danilo Oliveira, apontado como chefe do esquema e pastor de uma igreja, liga para a casa de Pablo Marçal o procurando.
Priscila: Alô.
Danilo: Quem fala?
Priscila: É a Priscila.
Danilo: Cadê o Pablo?
Priscila: O Pablo tá trabalhando lá no Danilo. Quem é?
Danilo: Danilo (risos).
Priscila: Ah, é você? Ah, ele não tá aqui, não.
Danilo: Ele tá com outro celular lá, não?
Priscila: Ele deixou o celular aqui ontem para carregar.
Danilo: Sei. Então tá bom. Ele tá sem celular, né?
Priscila: Tá.
Danilo: Tá bom, obrigado.
Em 16 de agosto, Marçal pede dinheiro a Danilo.
Danilo: Alô?
Marçal: Fala, pastor!
Danilo: E aí, garoto?
Marçal: Bom? Tá longe?
Danilo: Não, tô chegando em casa pra almoçar.
Marçal: Posso passar aí?
Danilo: Tô até meio sem dinheiro, do que você precisa?
Marçal: Ah, de uns 40 conto tá bom.
Danilo: Oi?
Marçal: Uns 40 conto tá bom.
Danilo: Só uns 40? 40 é muito… Tem que ser só uns 20…
Marçal: Então só arruma 30 e aí nós fica feliz.
Danilo: Chega aí pra nós ver o que que faz.
Marçal: Falou, então.
Em 19 de agosto, Danilo chama Marçal para ‘trabalhar’ na sua casa.
Danilo: Garoto, preciso de você urgente.
Marçal: Pó falar.
Danilo: Não, trabalhar, ué. Cê tá onde?
Marçal: Tô em casa.
Danilo: Então desce aqui para minha casa urgente.
Marçal: Então falou.
Danilo: Para nós organizar uns trem ali. Porque eu vou viajar domingo e preciso organizar uns trem e conversar com você.
TIRO NA BARRIGA
Em 20 de agosto, Marçal conta para a namorada que estava ‘brincando’ com um revólver.
Marçal: Eu estava brincando agorinha de atirar com revólver.
Namorada: Ah, é? Que brincadeira sem graça.
Marçal: Ele colocou o revólver em mim, e eu com colete. Aí ele tava fingindo um assalto. E eu fui tirar minha carteira, e ele pensou que eu estava dando uma de bobo. E eu arrumei a mão no revólver. Ele meteu bala. Ele pegou lá dentro da igreja. Aí eu fui atirar nele. Ele pensou que era esperto demais, né? Na hora que ele deu qualquer movimento, eu meti um tiro na barriga dele. Aí ele caiu para trás, porque é pesado levar um tiro no colete. Foi massa. Os meninos ficou doidinho.
CAPTURANDO E-MAILS
Diálogo de 21 de agosto de 2005 entre Marçal e Danilo.
Marçal: Tô capturando aqui, chefe. Negócio tá bom. Negócio aqui em casa tá bom. Capturei hoje o dia inteiro.
Danilo: Mas tem que prestar atenção nas listas. Você vê, aquela lista que você fez, com o JC (software) aqui em casa, muito ruim. A minha que eu fiz, muito boa, tudo bom, quase tudo bom, entendeu? Tem que prestar atenção nisso aí, ver como que tá fazendo. O que é e tal. O segredo é olhar os webmail direitinho.
Após algumas prisões de integrantes do grupo, as interceptações telefônicas mostram como Marçal reagiu.
Ainda em 21 de agosto, Marçal é cobrado pela qualidade dos e-mails que está ‘capturando’.
Danilo: Quero ver a produção de e-mail capturado. Aquele e-mail que você capturou no primeiro dia não tava bom, não.
Marçal: Da primeira vez?
Danilo: É.
Marçal: Os que eu tô pegando não tem como eu enviar de lá, não?
Danilo: É mais para capturar, filho.
Marçal: Então tá.
‘PRIMOCORRERIA’
Diálogo de 24 de agosto de 2005 entre Marçal e Danilo.
Marçal: Faz o seguinte, eu coloco os que eu for enviar pra depois você entrar e enviar depois… Você fez dois e-mails, não fez? Eu entro no seu e-mail, com a senha daquele ‘primocorreria’, mando dele pro meu, só que fica salvo dentro do seu. Aí esse ‘primocorreria’ é o que eu vou mandar. Agora os que eu for mandar pro ‘primocorreria2’ é pra você enviar. Entendeu?
Danilo: Beleza. Então se for mandar hoje já manda pro ‘primocorreria2’.
Marçal: Eu vou mandar agora pro ‘primocorreria2’.
BRONCA DO CHEFE
O usuário de Pablo no MSN Messenger era “Delegado Federal”, o que provoca uma discussão entre ele e Danilo em uma das conversas.
Diálogo também de 24 de agosto de 2005 entre Marçal e Danilo sobre o nickname.
Marçal: Tô mandando seu trem aqui agora. Zipado, aqui. (…) Os capturados. (…)
Danilo: Tira essa porra de ‘Delegado Federal’ aí, pô.
Marçal: Ué, por causa de quê?
Danilo: Cê é doido.
Marçal: Vou tirar aqui, só por sua causa, então.
Danilo: Eu chego aqui e vejo essa porra de ‘Delegado Federal’ no meu MSN, rapaz.
Já em outra ocasião, Marçal é censurado por Danilo por ter enviado uma lista de e-mails que o chefe do grupo considerou ruim, o que quer dizer que o envio para esses endereços teria sido mal-sucedido ao coletar dados de vítimas.
CADÊ O CHEFE?
Em 25 de agosto de 2005, Marçal conversa com a mulher de Danilo sobre prisões efetuadas pela PF.
Vaneska: Tá sabendo de alguma coisa?
Marçal: Tô sabendo… que foi preso um monte de gente.
Vaneska: É?
Marçal: É.
Vaneska: O Jony tá no meio?
Marçal: Não tô sabendo, não.
Vaneska: Me falaram agora que o Jony tá. Me ligaram aqui pra não ir embora pra casa, a mulher do Nené.
Marçal: O Danilo tá bem?
Vaneska: Não sei, o celular dele tá cortado.
Ainda em 25 de agosto, Pablo conversa com pessoa não identificada sobre a ação da PF.
Interlocutor: Cê sabe da bomba, né?
Marçal: Não.
Interlocutor: A Polícia Federal arrombou a porta do apartamento lá.
Marçal: Mesmo?
Interlocutor: Mesmo.
Marçal: Nó.
Também em 25 de agosto, Danilo diz a Marçal que foi ruim o ‘estouro’ do apartamento dele.
Danilo: E aí, meu filho. Tá de boa?
Marçal: De boa, nada.
Danilo: Por quê?
Marçal: Cê não tá sabendo, não?
Danilo: Lógico que eu tô. Mas e aí? Por que que não é de boa?
Marçal: Uai, lá no Centro. Cê ficou sabendo?
Danilo: Mas fazer o quê? Tem que dar graças a Deus que não tem envolvimento. Entendeu?
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Bandido é o que o Presidente da República. Ele foi condenado por 3 estâncias foi preso e comprovado , não foi inocentado seus processos caducaram e numa canetada de um amiguinho no STF ele foi solto . E hj é Presidente da República. Então se é pra um é pra todos né.
Você acha mesmo que o Marçal é igual ao Lula? Desde quando o Lula foi condenado por roubar contas de banco?
Colocaram um para presidente da república… então acho que pode
Quem o Lula ofendeu ou agrediu a honra? Não é diferente do Marçal?
Sendo assim ele atende aos mesmo requisitos do nosso atual presidente né!
Além disso esta tão preparado para entrar para a quadrilha da politica brasileira kkkkk composta pelos mais variados tipos de criminosos e estelionatarios.
O Lula, assim como a maioria dos políticos brasileiros, não agrediu a honra de ninguém. Nem ofendeu adversários ou mentiu a respeito deles. Portanto, é bem diferente desse desclassificado.
Não quero bandidos na prefeitura de sp e Ricardo Nunes na fita