Os trabalhadores metalúrgicos da Renault, em São José dos Pinhais (PR), rejeitaram as propostas da empresa que pretendem estabelecer um plano de demissão com o objetivo demitir cerca de 800 trabalhadores. A medida atingirá mais de 10% da mão de obra de um total de 7.300.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, a proposta é ruim para trabalhadores que saem e ruim para os trabalhadores que ficam, mesmo com alguns “incentivos” oferecidos pela empresa àqueles que aderirem ao plano, como plano médico e vale-mercado até o final de 2020, e primeira parcela da primeira participação nos lucros ou resultados (PLR).
Butka afirma que o PDI (Plano de Demissão Involuntária) não tem incentivo real algum para os trabalhadores. Primeiro porque “a extensão do vale-mercado até outubro e do plano de saúde até dezembro é muito pouco para demitir os trabalhadores agora. Primeiro motivo para não aceitar a proposta da empresa”.
“Não ter reajuste em 2020 e 2021, recebendo em troca um abono de R$ 3.500, não incorporar nada lá na frente, nem vale-mercado, e também não estar condicionada a vinda do produto novo à empresa, é tapar o sol com a peneira. A empresa está tirando a data-base, dando R$ 3.500 da PLR e diz que está dando algo ao trabalhador. Na verdade, ela está dando com uma mão e tirando com a outra”, diz Butka.
A empresa propôs ainda a redução da tabela salarial em 20% para os trabalhadores que ingressarem a partir de 2022. O presidente do SMC explica que será péssimo para os trabalhadores que vão ingressar neste período, mas que também será péssimo para os trabalhadores que continuarem na empresa.
“O trabalhador que ficar estará constantemente ameaçado com a demissão, pois a empresa poderá contratar novos funcionários com 20% a menos. Só interessa à empresa, para nós é péssimo”, completa Sérgio.
Com a rejeição da proposta, a montadora deve voltar às negociações com o Sindicato em 72h para buscar uma proposta que atenda, também, aos interesses dos trabalhadores. Do contrário, os trabalhadores poderão entrar em greve a partir da próxima quarta-feira (22).