Em greve há sete dias, os metroviários de Belo Horizonte seguem com as atividades paralisadas, nesta quarta-feira (31), um dia após o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovar a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que atua em Minas Gerais.
Os metroviários temem que com a privatização aconteçam demissões em massa dos trabalhadores concursados, que passarão a não ter mais garantia de estabilidade. De acordo com o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro/MG), cerca de 1600 trabalhadores podem estar com seus empregos ameaçados. Além das demissões, o período de estabilidade e as possíveis transferências de unidades preocupam os trabalhadores.
“Nós queremos barrar a privatização e salvar o emprego de 1600 trabalhadores. É isso o que está em risco. Além disso, a garantia da mobilidade e do transporte como direito essencial também está em risco”, disse Pablo Henrique, diretor do Sindimetro/MG.
Em comunicado, o sindicato afirma que seus diretores estão em busca de diálogo com órgãos públicos em Brasília a fim de obter esclarecimentos sobre como ficará a situação da categoria.
Além da luta contra a privatização e pela manutenção dos empregos, a categoria tem o objetivo, também, de alertar à população de que a venda do metrô pode aumentar ainda mais os preços das passagens na capital mineira.
A CBTU foi incluída pelo governo Bolsonaro no Programa Nacional de Desestatização (PND) em 2019. Além da capital mineira, a estatal também cuida dos metrôs de João Pessoa, Maceió, Natal, Recife e do trem de Porto Alegre (RS) e região metropolitana.
No Rio de Janeiro, após a privatização das operações do metrô, em 1997, diferente do que era prometido pelos defensores da privatização dos serviços, as tarifas não diminuíram e hoje o Rio tem o bilhete mais caro do país, R$6,50.
De acordo com matéria do Brasil de Fato, Pablo avalia que, além do impacto nos valores, a administração das linhas de trem no Rio pelos consórcios Supervia e MetrôRio também impactou na qualidade do serviço.
“O que a privatização pode trazer não é só a demissão dos trabalhadores. Ela pode significar que o metrô de BH passe a funcionar igual a Supervia no Rio de Janeiro, que tem intervalos de 30 a 40 minutos no horário de pico. A gente está lutando para que o transporte de BH não seja sucateado como está sendo onde foi privatizado”, argumenta o metroviário.