Um tribunal japonês condenou, na sexta-feira 1º de dezembro, o ex-militar americano Kenneth Shinzato à prisão perpétua pelo estupro e assassinato de uma jovem em Okinawa, no sul do Japão, onde os Estados Unidos mantêm uma grande base militar há várias décadas. O crime perpetrado em abril de 2016 comoveu o país e intensificou a rejeição à presença militar norte-americana na região.
Rina Shimabukuro, de 20 anos, desapareceu no ano passado na pequena cidade de Uruma enquanto andava pela rua. Seu corpo foi encontrado cerca de três semanas depois em uma floresta da região. Kenneth Shinzato foi acusado pelo crime após aparecer em um vídeo de vigilância comprando produtos que, segundo os investigadores, seriam usados para apagar as marcas de sangue. O ex-militar, que trabalhava como funcionário contratado na base aérea de Kadena na época do desaparecimento da jovem, admitiu sua culpa, dizendo ouvir vozes e desejar estuprar uma mulher há muitos anos. Não se sabe se o sujeito tem perturbações mentais reais ou se é uma grosseira tentativa de se livrar da condenação.
O caso despertou mais uma vez a indignação da população local e fortaleceu sua oposição à presença das Forças Armadas de ocupação dos EUA em Okinawa e no Japão em geral. Os episódios que violentam os direitos dos moradores na proximidade de bases aéreas de regiões povoadas e os impactos ambientais adversos resultantes de atividades químicas relacionadas ao funcionamento da base se multiplicam. O caso mais grave e lembrado até hoje aconteceu em 1995 quando três soldados de uma base de Okinawa sequestraram e estupraram uma menina de 12 anos, o que motivou uma manifestação que mobilizou cerca de 85.000 pessoas
A província de Okinawa abriga mais da metade dos cerca de 48.000 soldados que os EUA têm no Japão, assim como 70% das instalações militares americanas no país asiático.
SUSANA SANTOS