
O Ministério da Defesa publicou, em 7 de novembro de 2022, sob o governo Jair Bolsonaro, um link no Twitter (atual X) para um canal do Telegram que tinha a mensagem: “Dê o golpe jair”, seguido da bandeira do Brasil.
A postagem, feita pelo perfil oficial da Defesa e com centenas de milhares de seguidores, enviava os usuários para um canal de Telegram não oficial que se autointitulava “Ministério da Defesa” e com poucos seguidores.
Dentro deste canal havia a mensagem golpista.O Ministério da Defesa publicou, na segunda-feira (10), uma nota informando que pediu ao Telegram a exclusão do “canal que usa indevidamente” o nome da pasta. O tuíte também foi excluído.
Nas primeiras semanas de novembro de 2022, o Ministério estava buscando argumentos para apontar uma possível fraude nas eleições. Não tendo encontrado nenhum indício, seu relatório disse que não era possível fazer uma auditoria.
Sob pressão de Jair Bolsonaro, que queria que a Defesa apontasse uma fraude, mesmo que mentirosa, para pedir a anulação da eleição de Lula, o Ministério atrasou a entrega de seu relatório.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), “a demora não foi acidental e consistiu em manobra da organização para manter viva a narrativa de fraude no sistema eletrônico de votação”.
O caso foi confirmado pelo então comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Baptista Junior. Em seu depoimento, ele contou que “houve uma determinação para não divulgar o Relatório de Fiscalização do Sistema Eletrônico” sobre o primeiro turno das eleições, que já estava pronto.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, falou em sua colaboração premiada que “Jair Bolsonaro não aceitou” a conclusão das Forças Armadas de que não houve fraude “e exigia do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, que demonstrasse a existência de supostas fraudes”.
“A ordem emitida por Jair Messias Bolsonaro torna indubitável o dolo da organização criminosa. O conhecimento da inexistência de fraude eleitoral revela que o objetivo do grupo, ao postergar a divulgação do Relatório, era o de propiciar condições políticas para o atentado em curso contra a ordem constitucional”, avalia a PGR.
Jair Bolsonaro e seu ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, assim como outras 32 pessoas, foram denunciados pela PGR por tentativa de golpe de estado.