“O relatório divulgado na imprensa seria de junho de 2020 e teria sido requisitado após a sua saída do Ministério”, enfatiza nota do ex-ministro da Justiça
O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, rebateu em nota que o dossiê fascista contra 579 servidores tenha sido feito em sua gestão, como insinuaram os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes durante o julgamento em que por 9 a 1 os ministros decidiram suspender qualquer ação de arapongagem do governo contra os cidadãos.
Leia a nota de Moro:
“O ex-ministro Sergio Moro desconhece qualquer relatório de inteligência sobre movimentos antifascistas produzido durante a sua gestão. O relatório divulgado na imprensa seria de junho de 2020 e teria sido requisitado após a sua saída do Ministério. Causa estranheza a suposta requisição de um relatório, justamente no dia 24 de abril, dia em que Sergio Moro deixou o governo. O trabalho do ex-ministro sempre foi pautado pela legalidade, ética e respeito à Constituição Federal.”
No julgamento, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou que o dossiê contra os críticos do governo e líderes de movimentos pela democracia foi iniciado em 24 de abril – data em que Moro pediu demissão.
Fachin demonstrou que a Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça enviou, em 24 de abril, um pedido de informações à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro para obter dados sobre os movimentos de policiais antifascistas naquele Estado.
Segundo o Estadão, foram solicitados detalhes como o nível de adesão por categoria, as pautas reivindicatórias e as vinculações políticas dos policiais associados ao movimento.
Ao contrário de Fachin, o ministro Gilmar Mendes, em seu voto, disse que o monitoramento de cidadãos contrários a Jair Bolsonaro parece anterior à atual gestão.
“A produção desses relatórios tem ocorrido, durante grande parte do tempo, em instalação deste atual governo e não se trata apenas de atos praticados na atual gestão da pasta da Justiça”, disse.
Dias Toffoli também bajulou André Mendonça, que sucedeu Moro na pasta, e disse que não se pode “fazer injustiças com pessoas que dedicam a vida pública ao Estado brasileira de maneira correta”.
“Há muitas pessoas que, às vezes, aparecem na imprensa bem na foto, mas são péssimas na vida pública e nas vidas que elas têm, criando fundos para administrarem, criando inimigos políticos para depois serem candidatos, e afastando as pessoas da vida pública e querendo galgar depois eleições futuras”, insinuou Toffoli.