
O ex-secretário-geral da Presidência e pré-candidato a prefeito do Rio, Gustavo Bebianno, de 56 anos, morreu nesta manhã de sábado (14), por volta das 5 horas, após um infarto em Teresópolis, onde se encontrava com seu filho. As primeiras informações, divulgadas pelo jornal “O Globo”, são de que ele comunicou ao filho que estava passando mal as 4h30.
O ex-ministro teria se dirigido ao banheiro onde caiu no chão. Ele foi levado para uma unidade hospitalar na cidade, mas não resistiu. Bebianno estava em seu sítio em Teresópolis junto com um caseiro e seu filho. As informações foram dadas pelo presidente estadual do PSDB, Paulo Marinho. Bebiano foi lançado candidato à Prefeitura do Rio por João Dória.
Recentemente, o ex-ministro deu uma entrevista ao programa Roda viva, da TV Cultura de São Paulo, onde fez denúncias graves sobre a criação do “gabinete do ódio”, uma central montada dentro do Palácio do Planalto e comandada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, com o objetivo de denegrir, através de fake news, a imagem de adversários e desafetos políticos e defender o governo. Ele foi acusado recentemente por Jair Bolsonaro de estar envolvido na facada que Bolsonaro sofreu na campanha.
Bebiano informou, na entrevista, que Carlos Bolsonaro foi o principal responsável pela falha na segurança em Juiz de Fora naquele episódio. Quando ele ainda era ministro, Carlos Bolsonaro estava montando uma espécie de ABIN paralela dentro do Palácio do Planalto. Como ele e o também ex-ministro general Santos Cruz se posicionaram contra a ideia de Carlos, passaram a ser atacados por ele até que caíram de seus cargos. Durante a última viagem do presidente aos EUA, Carlos se deslocou para Brasília e comandou de dentro do Palácio as atividades de seus comandados do “gabinete do ódio”.
De dentro desse gabinete partiram diversos comunicados convocando a manifestação contra o Congresso nacional e o STF, que ocorreria no dia 15 de março. De lá também saíram ataques contra o presidente do Senado, David Alcolumbre e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, ambos do Dem.
O ex-ministro era um apaixonado por jiu-jítsu. Em 1990, foi para Miami dar aulas da arte marcial. Abriu uma academia. Quatro anos depois, voltou ao Rio para retomar os estudos de Direito e se formou. Investiu cerca de US$ 60 mil em 2006 em uma academia com Carlos Gracie, com quem treinava desde os 18 anos em Ipanema. Em 2008, voltou ao Brasil.
Seu contato com o então candidato Jair Bolsonaro aconteceu por intermédio do engenheiro Carlos Favoretto, amigo do ex-publicitário Gutemberg Fonseca, ex-secretário de governo de Wilson Witzel, governador do Rio. Ainda durante a campanha, Bebianno, na condição de fã, apareceu em um estúdio na Barra da Tijuca onde Bolsonaro era fotografado. Se aproximou ofertando auxílio jurídico voluntário à campanha do atual presidente da República.
Manobrou para arrancar a candidatura de Bolsonaro do nanico Patriota e levá-la ao PSL de Luciano Bivar. O êxito na manobra lhe garantiu a vaga de presidente interino do partido e culminou com a sua nomeação para o primeiro escalão do governo, com gabinete no Palácio do Planalto. Depois de diversas crises e brigas internas, inclusive com os filhos do presidente Bolsonaro, foi demitido o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência em 18 de fevereiro do ano passado.