O jornalista e escritor Cícero Sandroni, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu na manhã desta terça-feira (17), aos 90 anos, em casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O velório será realizado na sede da ABL, a partir das 10h desta quarta-feira.
Em seu site oficial, a Academia lamentou a morte do escritor: “Cícero Sandroni foi um grande jornalista e um acadêmico dedicado à Casa, da qual foi presidente entre 2007 e 2009”.
Paulista de nascimento, mudou-se aos 11 anos para o Rio de Janeiro, onde construiu sua carreira jornalística. Atuou em veículos como Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, O Globo e a revista Fatos e Fotos, destacando-se em coberturas de política internacional.
Também se dedicou à literatura de ficção, com obras como O Diabo Só Chega ao Meio-Dia (1985) e O Peixe de Armana (2003), além das biografias Austregésilo de Athayde, o Século de um Liberal (1998), escrita em parceria com sua esposa, Laura Sandroni, e um perfil biográfico de Carlos Heitor Cony, publicado em 2003.
No início da carreira, em 1960, cobriu a inauguração de Brasília e esteve à frente da Secretaria de Imprensa do Distrito Federal. Em 1976, lançou a revista Ficção, ao lado de nomes como Fausto Cunha, Salim Miguel, Eglê Malheiros e Laura Sandroni. A publicação, ao longo de 44 edições, trouxe à luz textos de mais de quinhentos autores brasileiros.
Durante o período da ditadura militar, coordenou, ao lado de escritores como Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles e Nélida Piñon, o manifesto contra a censura que ficou conhecido como Manifesto dos Mil. O documento foi assinado por mais de mil intelectuais brasileiros e se consolidou como um dos maiores protestos da classe artística e intelectual desde 1968 contra o regime militar.
Entre os signatários do manifesto estavam Carlos Drummond de Andrade, Nélida Piñon, Antonio Carlos Jobim, Oscar Niemeyer, Heloneida Studart, Jorge Amado, Sérgio Buarque de Hollanda, Mário Lago, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Dias Gomes, Milton Nascimento, entre muitos outros.
