O escritor, jornalista, dramaturgo, cineasta e ex-correspondente da Hora do Povo, Márcio Souza, morreu, aos 78 anos, nesta segunda-feira (12), aos 78 anos, na capital amazonense. Ele deixa como legado suas obras e a contribuição para a cultura do Amazonas e do Brasil.
Segundo parentes, Márcio Souza teve um mal súbito e morreu de parada cardiorrespiratória em um pronto-socorro.
Tenório Telles, um de seus grandes parceiros e editor lamentou a partida do amigo de mais de 30 anos. “O Márcio não foi só um grande escritor, como ele também teve um papel pedagógico na formação das novas gerações da literatura do Amazonas e da Amazônia, de um modo geral”, afirmou o escritor e editor.
Márcio Souza nasceu em Manaus, em 1946, e estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Colaborou para a Hora do Povo como correspondente na capital do estado e também em outros jornais como crítico de cinema e artigos sobre cultura, dentre eles Senhor, Status, Folha de S. Paulo e A Crítica.
Ele foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth.
Márcio dirigiu o Departamento Nacional do Livro (DNL) e a Biblioteca Nacional, além de presidir a Funarte durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2003.
CARREIRA
Aos 20 anos, lançou seu primeiro romance, “Galvez, Imperador do Acre”. A partir daí, publicou diversos outros livros, como “A Caligrafia de Deus”, “Operação Silêncio”, “O fim do Terceiro Mundo” e “Mad Maria”, seu livro de ficção que alcançou maior destaque.
“Mad Maria” deu origem à minissérie de mesmo nome, de Benedito Ruy Barbosa, produzida pela TV Globo em 2005, que pretendia retratar a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e como o empreendimento mudou a realidade da Amazônia.
Além dos romances, Souza também escreveu o livro “História da Amazônia: Do período pré-colombiano aos desafios do século XXI”, no qual conta a história da região através da perspectiva de sociólogo e historiador. E também foi autor de peças de teatro, como “As folias do látex”, “A paixão de Ajuricaba” e “Carnaval Rabelais”
O amazonense morreu antes de conseguir lançar o último livro da tetralogia Crônicas do Grão-Pará e Rio Negro, precedido por “Lealdade” – pelo qual recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1997 – “Desordem” e “Revolta”.
Atualmente, atuava como diretor da Biblioteca Pública do Amazonas e ocupava a cadeira de número 25 da Academia Amazonense de Letras, que lamentou a morte do escritor. O governo do Amazonas também emitiu uma nota de pesar pelo falecimento e decretou luto oficial de três dias no estado.
“Uma pessoa que certamente contribuiu muito com a história da cultura do nosso Estado, como crítico, como literário, como teatrólogo e, sem sombra de dúvida, é um legado que será lembrado por muito tempo”, diz Marcos Apolo, secretário de Cultura do Amazonas.
CONTRIBUIÇÃO À CULTURA NACIONAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Márcio Souza.
Em nota divulgada pelo Planalto, Lula fez elogios ao trabalho do escritor e jornalista, que deixa como legado a contribuição para a cultura do Amazonas, e prestou solidariedade à família e aos amigos de Márcio.
“O intelectual discutiu em sua obra, formada por quase 40 livros, por exemplo, o papel social do escritor e do cineasta durante o regime militar. E trouxe muitas contribuições para a cultura nacional”, escreveu Lula em nota de pesar divulgada pelo Planalto. “Meus sentimentos aos familiares, amigos e leitores da produção literária de Márcio Souza”, acrescentou.